Pretty

Aos que, para mim, estão lá bem em cima.

Loser

Aos que, para mim, estão lá bem em baixo.

Lado a lado

Um grande problema nas relações não é quando sentimos que quem está connosco é melhor, maior, mais grandiosa do que nós, é sim quando não sabemos lidar com isso. Mas talvez um maior problema seja quando nos achamos ou somos, efectivamente, fantásticos e nos irritamos por ter alguém também fantástico ao lado. O problema é quando gostamos de estar acima e não ao lado.
É assim a minha Camila quando o meu Bruno brinca, salta, corre, se roça, quer festinhas, se chega sequer a mim. A irritação leva-a logo a dar uma patada. Mas se dantes ele se inferiorizava, anulava, acabrunhava, escondia e silenciava, agora enfrenta-a, riposta, dá-lhe uma patada também. Isso, por um lado, ainda a irrita mais, mas, por outro, torna-os mais próximos.
Aparentemente vivem as suas vidas caseiras cada um para seu lado, mas sabem bem e sempre que o outro lá está, observam-se, espreitam-se, de quando em vez tocam-se, trocam miminhos e não aguentam muito tempo sem saber um do outro.
After all, my cats love each other. It's so easy to see.

Emotions

Há que admitir que passar directamente de um grave para um tão agudo é obra. E ela fá-lo ao vivo como se nada fosse. É impressionante!

(Mariah Carey)

Hero

Nunca fui muito de ligar às ditas "Divas" das vozes. Aliás, sempre me irritaram um pouco, para não dizer muito. Podem ter músicas bonitas, podem ter grandes vozes, podem isto e aquilo mas nunca foram aquilo que se pode considerar como sendo a minha "onda". Pior do que elas são os fãs que quase se matam a defender a sua deusa preferida. Esta canta melhor, a outra grita, aquela tem maior vozeirão mas é feio, esta não tem uma voz tão potente mas tem maior amplitude, a outra não chega aos agudos, esta não atinge os graves...
Mas, há anos, no início da década de 90, confesso, que gostava, adorava uma que é hoje, para muitos, para milhões de americanos, "A Diva".
Surgiu, com cerca de 20 aninhos, no panorama musical e veio para ficar, infelizmente, não da melhor forma.
Nova, um ar fresco e ternurento, muito tímida nas entrevistas, corava quando por ela gritavam, o visual muito discreto e valia-se da voz para emocionar e arrasar corações com as suas baladas. Vendeu, logo de início, milhões de álbuns que lhe valeram multiplos prémios. Não havia quem não gostasse dela. Da forma simples como se apresentava em público, em palco. Da forma bonita como cantava.
Na década de 90 ninguém vendeu mais do que ela, ninguém teve mais temas em 1º lugar do que ela. Os seus agudos ocuparam um lugar no Guinness como sendo os maiores.
Em pouco tempo a rapariga pobre que trabalhava numa pizzaria tornou-se num icon multimilionário. Casou com o dono da maior empresa discográfica do mundo e estava montado o perfeito conto de fadas.
Mas mudou. E mudou muito. Dizem que se deve ao divórcio que a deixou numa completa crise emocional. Só ela o saberá.
Afastou-se um pouco e quando voltou aquela simplicidade não voltou com ela. Parecia outra pessoa. De princesa passou a "vulgar". O cabelo tornou-se louro oxigenado, o corpo de volumptuosas e exageradas formas, as roupas com pouco mais do que alguns centimetros a tapar quase nada.
Ainda tive esperança de que voltasse ao que era. Eu e, certamente, muitos milhares que deixaram de ouvi-la, de comprá-la. As vendas do álbum decaíram no mundo mas, claro, os americanos continuaram e continuam a idolatrá-la e isso, ao que parece, chega-lhe porque todos os trabalhos seguintes foram idênticos. Os americanos habituaram-se, gostaram, e ela manteve-se. Só no seu país vende milhões de cada álbum e isso, talvez lhe chegue.
Uma rapariga de discurso agradável passou a dizer pouco mais do que autênticos disparates nas entrevistas e a comportar-se de forma quase anedótica.
Deixei de gostar dela. Há anos que o caminho musical que tomou, com hip-hops e raps pelo meio, me desagrada. Já nem uso da sua voz de grande amplitude faz. Ela que era a admiração das aprendizes vocais, passou a ser mais uma entre tantas. As outras tentavam chegar-lhe, ela desceu-lhes ao nível. É pena. Muita pena mesmo.
Faz uns floreados com a voz, mostra o corpo desnudo e não passa muito disso.
É uma "Diva" porque em tempos chegou lá bem alto. Hoje não me diz nada.
What happened to you Mariah?

Aqui fica o tema que me fez olhar para esta rapariga, já lá vão anos. Aqui fica um tema que todos nós, de quando em vez, nos deveriamos lembrar de ouvir.

From The Heart

Acho que deixei de acreditar na genuinidade deste tipo de baladas que traçam um amor tão arrebatador que nos faz sentir que somos capazes de tudo por alguém, dar tudo o que conseguirmos a alguém, dar o nosso melhor a alguém, fazer tudo para em nada magoar alguém, proteger, aninhar, embalar, elevar, voar com alguém, viver felizes também em função da felicidade de alguém, logo, da nossa.
Deixei, vi-me levado a isso, não luto pelo contrário e talvez seja melhor assim permanecer.
Hoje, mais do que o conteúdo destas letras que me faziam sorrir e brilhar os olhos como tradução de uma energia imensa, é isso que me deixa um aperto no estômago. O sentir que deixei de acreditar que possa existir algo assim. O sentir que não viverei mais algo assim. O sentir que os contos de fadas não passarão já mais para o meu mundo.
Para uns é dependência e encaram este sentimento, retratado nestas letras, como algo de negativo. Para mim é algo de muito, muito bonito e que não anula tudo o resto que há em nós indivíduos.
Se choro ao ouvir estas músicas não é já por motivos de outrora. Não é já pelo seu conteúdo. É porque elas estão a morrer em mim. É porque chego a ter raiva por me ajudar a mim mesmo a que morram.
A música significa tanto para mim e uma tão grande parte estou a perdê-la, pelo menos levo-me a senti-la como não queria.
Talvez um dia volte a sonhar. E será que a realidade me permite que volte a sentir assim?
Uma coisa eu sei, disseram-me. O desmoronar do que já vivi, como já vivi foi o culpado do fim de sonhos de outros.
Sei que não me culpam mas, ainda assim, a esses peço desculpa.
Sei que, no fundo, peço desculpa a mim mesmo por deixar de acreditar.

(Another Level - Banda sonora do filme "Notting Hill")

When you say nothing at all

Toda a gente conhece, toda a gente já cantarolou, toda a gente já ouviu isto cantado por tantas outras gentes.
Eu digo que este rapaz tem uma voz muito bonita, a letra é tocante e a música é linda... o tema é lindíssimo.
Dificilmente cantaria isto onde quer que fosse porque nunca consegui cantar bem nem o refrão. Fico sempre arrepiado e com um tal nó na garganta que chega a certo ponto que, engasgado, nenhum som me sai.
Há músicas que têm este efeito em mim. Esta é uma delas. Hoje, por um duplo sentido. Pelo que são na sua origem e pela tristeza que me provocam.
Um dia talvez volte a sentir o nó na garganta apenas pelo objectivo com que foi criada.

Da banda sonora de um dos filmes que mais me comove. Faz-me rir a bom rir, faz-me chorar, faz-me sorrir, faz-me sonhar. "Notting Hill".

(Ronan Keating)

CanNot

Tao bem que se estava ali.

É certo e sabido que, desde há muito, a zona ribeirinha da Área Metropolitana de Lisboa está algo abandonada. Fábricas, contentores, armazéns e campos vazios fazem parte da paisagem muito deixada ao acaso. Em ambas as margens, quilómetro após quilómetro, a paisagem chega a ser desoladora. Quase como que uma barreira de edifícios, lixo, depósitos que separam os cidadãos do Tejo.
“Lisboa está virada de costas para o Tejo” é uma frase que sempre saltitou na sua cabeça.
Na última década a situação tem mudado. A Expo 98 serviu de impulso a que várias janelas se abrissem ao rio. Lisboa, bem como várias localidades limitrofes, começou a ver os seus habitantes a vivenciar o Tejo.
Hoje à tarde, vindo do trabalho, um sol esplendoroso chamou-o a fazer parte desses lisboetas.
Tinha uma consulta marcada, tinha de correr um ou dois stands de automóveis, tinha de ir ao supermercado para rechear um pouco o frigorífico vazio mas não, não ia recusar o chamamento.
Fez um desvio e dirigiu-se à esplanada do Piazza di Mare. Apesar dos preços exorbitantes e da lentidão extrema do funcionamento, é um espaço que sempre o agradou. Tantos momentos bons, outros menos, ali já havia vivido.
Antes de se sentar foi chamado a um passeio. Queria ar, céu azul, gente à sua volta. Mas, sobretudo, queria estar ali junto ao Tejo.
Ainda pegou no ipod mas voltou a guardá-lo. Não quis ouvir música. Queria ouvir o som de vozes à sua volta, dos carros a passar a ponte, da água. Todos os sons que caracterizam aquela margem.
Andou uns dois quilómentos, sem dúvida. Depois lá se sentou na esplanada com umas poucas mesas ocupadas. Inspirou e recostou-se na cadeira a olhar o rio e toda aquela ambiência.
Dois velhotes sentados mais ao longe, aqui e ali um ou outro pescador insistente, uma rapariga que passa a correr, dois adolescentes de bicicleta, um casalinho enamorado, duas senhoras de passo lento em conversa preocupada, um homem a brincar com o filho e o cão... o costume. O costume dos fins-de-semana, em menor quantidade durante a semana. Um costume tão bom que o fazia sentir-se numa cidade bonita, civilizada, agradável.
Há uns anos seria assim? Não era, certamente. Quanto muito aos fins-de-semana por ali andava alguém, uns ou outros. Agora também o rio era vivido a uma terça-feira.
Pediu o que tinha a pedir a uma simpática empregada e apeteceu-lhe ainda dizer: “Traga-me também uma bicicleta, um cão, um filho, um amigo para aqui conversar comigo e já agora, se não der muito trabalho, tudo mais baratinho, ok? É que vocês aproveitam-se do Tejo para encher os bolsos porque sabem que ainda não há muitos espaços assim nesta velha cidade. Sacanas! Ah, e se arranjarem lá nos fundos um namorado que não me saia caro, também pode vir. Obrigado.”
Ficou com uma vontade tal de rir que não conseguiu suster uma gargalhada que fez com que uns estudantes, da mesa ao lado, desviassem os olhos dos papeis e do computador. Olharam-no com certo desdém, quase como se ele fosse um palerma ali sentado a rir sozinho sem motivo algum. Uma atitude que em nada o incomodou.
Estava ali sozinho, apetecia-lhe ter alguém com quem conversar, mas tinha um sol e um rio maravilhosos para apreciar.

I'm Ok

A caminho de casa não conseguia esquecer uma aluna. 12 anos e com uma vida familiar daquelas que, muitas vezes, preferimos ignorar.
Ali sentada com um rosto triste, bonito, um ar de menininha com roupa a condizer... mas um cabelo quase rapado, muito mal cortado.
Estranhei. Perguntei quando dali saí. Tinha sido queimado. O pai, era o pai. A assistente social já tinha tentado algo, a mãe vivia num medo constante, a menina nem consigo imaginar.
"...e às vezes só não vai parar ao hospital, como a mãe já foi, porque ela foge para uma vizinha. E ainda assim até tira notas razoáveis, tadinha. Mas ninguém diz nada, têm todos medo do pai. É muito violento, sabes!?"
- Mas a escola, nós, podemos fazer alguma coisa! A escola tem essa obrigação.
- Pois, este ano pode-se tentar outra vez fazer queixa...mas a mãe depois nega tudo e ela também."

(Christina Aguilera)

Estrelas, listas, tintas e pinceis

- Abre os olhos... Abre os olhos.
Abriu. Sabia que estava deitado. Era duro. Sem olhar percebeu que estava deitado numa pedra, uma pedra grande e lisa. Doía-lhe ligeiramente o corpo mas nada de muito incomodativo. Os seus olhos viam o que acima dele estava. Era o céu. O céu escuro enfeitado por algumas de estrelas. Poucas. Uma aqui, outra além. Sentiu-se bem e a aragem ligeira ajudava a isso.
- Abre os olhos.
Sentou-se mas não viu ninguém. Apenas escuro à sua volta, muito escuro. Apenas o céu estava pontilhado de algumas luzes.
- Onde estou?
- Estás aqui.
- Aqui onde?
- Estás acordado é o que agora importa.
- Quem é que está a falar?
Olhou à volta e não viu ninguém. Estava ali sozinho. Apenas umas latas de tinta e pincéis. Para que queria ele aquilo? Quem teria posto aquilo ali?
Passaram dez minutos, vinte, meia hora e já nem a brisa sentia. Nem brisa, nem voz. Apenas ele, o escuro, a pedra grande lisa, o céu pouco estrelado e um horizonte escuro no qual não se aventurava porque nada via além de alguns metros.
Voltou a deitar-se na pedra. Devia estar a dormir e aquilo era um sonho. Certamente voltaria a adormecer e a acordar na sua cama.
Antes de fechar os olhos pareceu-lhe que as estrelas se moviam. Fechou os olhos várias vezes e não estava enganado. As estrelas estavam a mover-se e não tão lentamente quanto isso. Foram-se juntando a pares, a três, em grupos mais ou menos pequenos, todas em direcção a pontos específicos. Alguns minutos depois as estrelas estavam alinhadas em círculo em torno de um ponto tão escuro quanto todo o céu.
Acima de si encontrava-se agora um círculo com aro dourado cada vez mais intenso, tão intenso que começou a tornar-se branco. Voltou a esfregar os olhos. Sim, era branco e estava a descer.
A descer? Estariam as estrelas a cair em cima de si? Em vez disso começou a perceber que as estrelas estavam a descer, na vertical, mas em forma de listas em que se tinham transformado. Parecia-lhe que as listas desciam lentamente. Mas viu que cresciam cada vez mais e mais depressa.
Em poucos minutos viu-se rodeado de listas brancas como que estacas de madeira pintadas de branco. Aproximou-se, tocou numa, depois noutra e noutra. Eram duras. Não percebia que material era aquele mas era duro ao ponto de não conseguir sequer abaná-lo. Não se movia uma, nem outra, nem outra. E ele não conseguia passar por entre duas que fossem. Umas eram mais largas, mais grossas, mais espaçadas entre si mas nenhuma se movia e ele não conseguia passar por brecha alguma.
- Sim, estás preso.
- Preso?
- Sim, não vês que sim?
Olhou em volta e viu que a voz tinha razão. Estava preso, rodeado por listas brancas que faziam uma espécie de grades. Parecia que estava numa gaiola branca com tudo negro em seu redor. Até o céu abandonado pelas estrelas estava, agora, absolutamente escuro.
- E agora? O que é que eu faço?
- Agora? Agora estás perante a vida como ela é.
- O quê? A vida? Preto e branco?
- Seja! Tu é que decides.
- Decido? O que vejo é isto. A vida é negra com algumas coisas brancas?
- Se assim o quiseres, é. Mas para isso tens aí as latas de tinta com várias cores. E com essas podes fazer outras.
- E para que quero eu as latas de tinta se estou aqui preso?
- E preferes estar preso na vida negra com grades brancas ou pintá-las de uma cor, duas cores, três ou aquelas que entenderes? Vá, tens ali pincéis.
- É suposto pintar estas barras?
- Se tu quiseres, sim. Senão deixa-te estar assim. Tu e a tua vida preta e branca.
- Não. Vou pintar. Aqui sentado é que não vou a lado nenhum, pois não? Já vi que tenho de participar neste jogo, não é?
- Sim, a vida é um jogo. Ou participamos ou não. Ou te levantas e fazes alguma coisa ou ficas aí sentado nessa pedra. Tu é que sabes o que queres fazer. E se participares, como queres participar. A decisão é tua. A vida existe, não é fácil e tu fazes dela o que entenderes.
- Está bem. Vou pintar, então.
Dirigiu-se a uma lata de tinta, a maior de todas, várias vezes maior do que as outras latas.
- O quê? Vais pintar as listas de preto? Queres mesmo fazer isso? Uma vida negra, escura? Não percebes que tens aí tantas cores. Tens a possibilidade de usá-las e como quiseres. Para isso não será melhor então deixares as listas brancas como estão?
- Não. Primeiro de preto, todas de preto.
- Primeiro? Mas pensas depois pintar de outra cor?
- De outra cor ou outras cores, logo vejo. Tudo a seu tempo.
- O quê? Então porque não pintas logo todas de vermelho, ou verde, ou amarelo, ou cada uma de uma cor?
- E se pintar? Pinto cada uma de uma cor e depois?
- Onde queres chegar?
- Depois resta-me o quê? Pinto tudo às cores e depois? Depois ficam pintadas e acaba-se tudo. Já não há mais nada a fazer.
- Há, há. Ficas com uma vida cheia de cores, todo o tipo de cores e até podes trocar as cores se quiseres. Uma lista azul podes pintá-la depois de laranja. É essa a beleza da vida. Não achas que é maravilhoso? Não percebes porque estás aqui?
- Já percebi o joguinho. E já disse o que vou fazer.
- Mas tudo de preto? Sim, há mais tinta, é mais fácil não se gastar. Por isso foi aí posta uma lata muito maior. Mas é isso que queres? Tens aqui a possibilidade de fazer melhor.
- Vou pintar de preto, tudo de preto.
- Mas porquê?
- Primeiro pinto tudo de preto e fico com tudo preto à minha volta. Fica aqui tanto negro que a terra se confunde com o céu e o céu confunde-se com as barras. Assim, é como se elas não existissem. Como se não estivesse enclausurado nesta gaiola. Olho à volta e estou num universo infinito. Sinto-me novamente liberto de grades.
- Entendo. Mas a verdade é que as barras estão cá e não sais delas.
- Sim, já vi que sim.
- Mas depois quando já não estiver cansado, já não me doer o braço de pintar, quando tiver dormido, quando o negro me cansar, pego noutra lata, noutra cor e pinto.
- Mas porque é que não pintas logo de uma vez? Seria mais rápido, cansavas-te menos e ficava logo terminado.
- Se estou aqui, se esta é a minha vida, porquê a pressa? Vou pintar logo tudo e não fica mais nada por fazer? Não. Agora pinto de preto e aproveito isso, depois logo pinto de outra cor e com o pincel que me apetecer.
- Outra? Só uma? E qual?
- Não sei. Fazes perguntas difíceis. Ou uma, ou duas, ou as que me apetecer na altura. Com um, ou dois pincéis, o que for. Se eu fizer tudo agora, se eu decidir tudo agora, o que é que fica para fazer e viver no futuro?
- Então... bom trabalho.
- Obrigado. Já vais?
- Estarei por aqui.
Olhou para os pincéis. Escolheu um bem largo. Abriu a enorme lata de tinta preta. Molhou o pincel na tinta e preparou-se para fazer desaparecer aquelas grades que o rodeavam.

Rain

A estética, o cenário, a roupa, a música, a letra, o rosto, a expressividade e a chuva.

"Your love is coming down like rain"

"Waiting is the hardest thing
[It's strange I feel like I've known you before]
I tell myself that if I believe in you
[And I want to understand you]
In the dream of you
[More and more]
With all my heart and all my soul
[When I'm with you]
That by sheer force of will
[I feel like a magical child]
I will raise you from the ground
[Everything strange]
And without a sound you'll appear
[Everything wild]"

And surrender to me, to love"

(Madonna)

First Autumn Rain

Fico sempre, sempre arrepiado com a simplicidade e com a coreografia final.

"Call me a fool but i know i'm not
I'm gonna stand out here on the mountain top
'Til i feel your rain.

I'll stand out on the mountain top
And wait for you to call my name."

(Madonna - The Girlie Show Tour)

Foxismos

"Estás aí? Pronto já me deixou pendurado outra vez. Em vez de estar a falar, estou a escrever para o boneco, sim, porque você é um boneco. É o Ken que falta à "Barbe" que há em nós."

(Aristocrata Fox)

War

Há uns anos o mundo parou perante isto. Não se falava de outra coisa.
Foi convidada para cantar numa cerimónia religiosa e, no fim, fez isto.
Milhares de fãs destruíram os seus cd's em praça pública, deixou de ser convidada para actuar, foi ameaçada de morte, de enviada do diabo e tantas coisas mais. A grande promessa passou a ser a grande decepção.
Mais tarde, pediu perdão pelo que fez. Uns acham que fez bem, outros que fez mal (decepcionando-se esses entretanto com ela), outros que foi tarde demais.
A verdade é que é um momento extraordinário, um momento em que as palmas finais foram anuladas por um silêncio constrangedor.

"Until the philosophy,
Which holds one race superior
And another inferior,
Is finally and permanently
Discredited and abandoned,
Everywhere is war.

Until there is no longer first class
Or second class citizens of any nation.
Until the color of a man's skin,
Is of no more significance than
The color of his eyes,
I've got to say "war".

That until the basic human rights,
Are equally guaranteed to all,
Without regard to race,
I'll say "war"

Until that day the dream of lasting peace,
World-citizenship and the rule of
International morality will remain
Just a fleeting illusion to be pursued,
But never obtained.
And everywhere is war.

Until the ignoble and unhappy regime
Which holds all of us through,
Child-abuse, yeah, child-abuse yeah,
Sub-human bondage has been toppled,
Utterly destroyed,
Everywhere is war.

War in the east,
War in the west,
War up north,
War down south,
There is war,
And the rumors of war.

Until that day,
There is no continent,
Which will know peace.

Children, children.

Fight!

We find it necessary.
We know we will win.
We have confidence in the victory
Of good over evil

Fight the real enemy!"

(Sinéad O'Connor)

Angel

Dantes vivia numa realidade tal que, um dia, disse a alguém que esta seria a musica que queria que passasse no meu funeral.
E era.

(Sarah McLaclan)

You're still the one

Nunca liguei muito a esta mocinha, mas sempre tive um certo carinho por ela, nem sei bem porquê.
Este tema, contudo, é muito, muito especial.

"We beat the odds together"

(Shania Twain)

Hoje começa o Outono

Este tema era um dos preferidos de um amigo que morreu...
Para ti, Hugo.

(Billie Myers - Kiss the rain)

You owe me nothing

Infelizmente este tema nunca foi single e a Alanis não tem muito o hábito de cantá-lo mas é, sem dúvida, dos meus preferidos.
Pronto, foram as imagens que se conseguiram arranjar. Mas não são elas que interessam.

(Alanis Morissette)

That i would be good

Houve uma altura em que já quase ninguém suportava ouvir esta música. E quando assim é, começam a surgir pequenos grandes ódios de estimação.
Pois, continua a ser linda e cantada de uma forma que parece ser tão, tão fácil.

(Alanis Morissette)

I was hoping

Ando um bocado desligado desta moça. Hoje resolvi recordá-la e tenho de dizer que ela é muito, muito, muito boa.
As suas letras sempre foram excelentes.

(Alanis Morissette)

Gone, Gone, Gone

Alguns temas não incluídos em álbuns de ELA

(Madonna)

Time stood still

(Madonna)

Fighting Spirit

(Madonna)

History

(Madonna)

Revenge

(Madonna)

Capas de papelao

A noite faz com que as pessoas que a frequentam tenham, na sua generalidade, um comportamento tão curioso quanto irritante e absurdo. Demonstram uma alegria ao nível do mais alto cumulonimbo, alegria expressa em muitos risos, sorrisos, abraços, gargalhadas e frases que rondam ora a infantilidade, ora a anormalidade.
Há espaços que se assemelham, frequentemente, a uma comunidade de loucos semi-medicados que, apelam ao alcool e afins para condensar em si uma aparente descontração.
Há capas de papelão tão bem vestidas, tão bem talhadas, tão duras porque reforçadas pelos anos passados que, mesmo perante a mais forte chuvada, não se desfazem. Algumas, no entanto, deixam perceber o que tapam, o que está resguardado por baixo. E quais darão mais pena? Sim, pena. Quais serão mais tristes?
Afinal, não serão, aos fins-de-semana, as pessoas mais tristes?

(I was born in) 1973

Quando este ex-militar e soldado de Sua Alteza a Rainha de terras britânicas apareceu no panorama musical, confesso que não lhe dei grande atenção. O video do tema "You're beautiful" era bonito, original mas o tema em si até me parecia algo banal. Pensei: "O tipico tema para vender mas sem nada de especial!"
Para tentar perceber o fenómeno e porque achei algo estranha a voz do rapaz, arranjei o álbum sem lhe dar grande crédito. Apesar de achar que há momentos em que a voz desengonça, revelou-se uma agradável surpresa. Gostei bastante. Um álbum que se ouve e se vai interiorizando ao ponto de acharmos todas as músicas muito bonitas.
Acabei por comprar o álbum ao vivo e gostei mesmo deste James. Uma espécie de ternura, candura, delicadeza e timidez tornaram o rapaz muito agradável aos meus ouvidos e olhos. Gosto de homens com um ar desprotegido, pronto.
Entretanto, de tanto se ouvir, de tanto se ver na tv, de tanto passar na rádio, o rapaz cansou. Comecei a achar normal que algumas rádios inglesas se recusassem a passar mais uma música que fosse do "Back to Bedlam".
Por muito bonitos que fossem os temas, já não se aguentavam mesmo.
No dia 17 deste mês (um dia especial para mim) saiu o novo álbum. "All The Lost Souls". Fiquei curioso, interessado em ouvir. Mas, pelo single de lançamento, este que aqui se ouve e vê, pensei que não seria nada de extraordinário.
Pois, parece que me enganei. A crítica diz muito bem e, aparte esta, pelo que já ouvi, o álbum é constituído por temas lindíssimos para os quais parece que a voz de Mr. Blunt foi talhada.
Este tema, 1973, não é mau mas não se deixem enganar, há bem melhor no álbum cuja capa está muito bem conseguida.

You Give Me Something

Gosto da musicalidade ligeira deste moço.

(James Morrison)

Wonderful world

Tão bom de ouvir no carro...

(James Morrison)

All Is Full Of Love

Bjork volta. Deixa-te lá destas coisas que andas agora a fazer.

Satisfaction

Maravilhosas PJ Harvey e Bjork.

Army of Me

Dois seres extraordinários que se juntam.

(Skin e Bjork)

Madonna - Gone (live)

Nothing equals Nothing.

Turn to stone
Lose my faith
I'll be gone
Before it happens

This type of modern life is not for me

This type of modern life isn't for free

Mother and Father

I got to give it up...
I got to let it go...

Nothing Fails

I'm not religious... but she makes me feel so moved.
I was a Silly Boy...now that's probaly forgotten.

Beautiful X-Static Process

Digam o que disserem, para mim isto é demasiado bonito.

Romantiquices



Me and You
You and Me

Me in You
You in Me

This body art














































Que boa a frescura matinal.

Viva, viva, viva! Boa, boa, boa!
Dorme uma pessoa metade de meia dúzia de horas, levanta-se a cair de podre, sai de casa, ainda de noite, com umas olheiras de uma conveccividade facial gritante e chega ao carro sabendo que a espera um longo e stressante caminho pela frente.
O carro está vestido de orvalho, ok. É questão de ligar os pára-brisas.
Para conseguir ver o espelho retrovisor do lado direito a solução foi abrir o vidro desse mesmo lado. Pois é, o vidro abriu, lá desceu. Desceu para não voltar a subir. Maravilhoso!
Maravilhoso percurso, em manga curta, pela autoestrada! É tão bom enregelar até aos ossos logo pela manhã e levar com uma ventania descomunal por todo o corpo. Tal o tornado que nem a porcaria do cigarro matinal conseguia acender. Viva o Verão quentinho!
E foi precisamente quando, pela primeira vez, fiquei contente por ver, ao longe, o trânsito parado na 2º Circular, o que significava que o frio ia amainar, que começou a chuviscar. Que espectáculo! Era mesmo o que precisava. Que bom é conduzir cheio de sono, com frio e chuva a entrar pelo carrinho! Eu gosto de chuva mas os estofos não podem dizer o mesmo.
Pronto, ao menos acordei. Cheguei ao trabalho mais de meia hora antes, como de costume, mas desta vez o que menos queria era ficar dentro do carro à espera. Gelado por gelado...
Mal parei, saí. Ele lá ficou de vidrinho aberto, ali ao relento e eu na esperança de que nenhum miúdo atrevido se lembrasse de lhe atirar uma beatazita acessa para dentro.
Carros velhos!
Anda um gajo a juntar dinheiro para as suas tatuagens e depois estas intempéries. Sempre um desejo!
Pois tem de ser, é necessário, tenho de comprar um carro. Vou ficar nas lonas, a contar tostões dias e dias antes do ordenado chegar ao bolsinho, mas não posso passar o tempo a mandar o carro para a oficina. Não é que seja assíduo frequentador, mas cada vez que é, é para esquecer. É Toyota, é. Mas até os rijos velhos são isso mesmo, velhos.
Ai, ai, ai, será que é desta que compro o Smart?
Uma coisa é certa, a peça necessária só chega amanhã ao fim do dia e, não faço a mínima ideia de como é que amanhã vou para o trabalho. De comboio, depois outro comboio e depois de taxi? Deve ser.

Fell in Love with an Alien

O meu Brother saiu-se com esta:
- Se a Shakira não se produzisse como se produz, não passava de uma simplória membro dos Kelly Family.

É de notar que ele não odeia a moça. Ele, simplesmente, nem se lembra que tal pessoa existe.

Pois eu acho que o comentário dele foi ofensivo para a familia Kelly que jamais merecia ter alguém, lá pelo meio, com uma voz como a da suposta diva.

Hoje passam-me ao lado mas quando era um rapaz jovem, tal como para a grande maioria na altura, achava piada à dita familia. Imensos, todos com fartas cabeleiras, um ar muito alpino, a fazer lembrar a Heidi, a cantar umas musicas muito românticas, leves e sentidas.
Esta até me levou, imagine-se, a comprar o álbum que esteve, no mínimo, meio ano em primeiro lugar do top nacional.

Area de Projecto

Uns rabiscos na sala de professores... em vez de praparar a aula de Área de projecto.

Milk

Para a minha sister L a sua banda preferida.

(Garbage)

Androgyny

Boys in the girls room
Girls in the men's room
You free your mind and your
androgyny.

(Garbage)

Push It

(Garbage)

The Nobodies

Digam o que disserem mas aprecio bastante a estética em torno deste(s) senhor(es).

(Marylin Manson)

Coma White

A pill to make you numb
A pill to make you dumb
A pill to make you anybody else...

(Marylin Manson - Acoustic)

Long hard road out of hell

Não pela música mas pelo video.

(Marilyn Manson)

7 Days, 7 Weeks

(dEUS)

Don't Give Up

Um dos mais bonitos temas, um dos mais simples e bonitos videos para uma pessoa tão recente mas já tão importante na minha vida.

O geográfico elfo Sinho. É para ti.

(Peter Gabriel e Kate Bush)

Die Another Day

Em tempos esta música e também este video ajudaram-me de uma forma, não digo impressionante, porque esta mulher tem este efeito natural em mim, logo não é, para mim, impressionante.
Transmitiu-me uma força imensa.
Um amigo disse-me na altura: "Bem, se ela tem esse efeito em ti, então viva ela." Viva, pois então!

It's not my time to go.
Sigmund Freud... analyze this, analyze this.

Mentes Brilhantes

Porquê vermos os nossos e-mails bombardeados com doutas frases de gente considerada genial, filósofos, escritores, sociólogos, etc... quando é tão mais simples sair à noite ao Bairro Alto. O que poderá ser melhor do que estar de fim-de-semana, sair de casa, estar com amigos, bebermos um copo e ainda sermos brindados com preciosidades de mentes brilhantes. Pérolas como estas:

- A Victória Beckam é a mulher mais fantástica que há. Eu se fosse mulher queria ser como ela... rica, famosa, icon da moda e magra. (Ok, motivos muito válidos. A senhora admitir que nunca leu um livro é perfeitamente secundário perante o facto de ser magra, claro)
- No meu dia de folga vou às lojas da Avenida da Liberdade, é importante ser visto lá. (Será que não há mesmo nada de mais interessante para fazer? Pelos vistos, não. Quero já mudar de escola, quero ter dia de folga. Já sei como ocupá-lo)
- Arranja-me convite, por favor... eu preciso conhecer o Cláudio Ramos. Agora que ele é gay é bom ser amigo dele para aparecer com ele nas revistas. (Sim, é uma questão de vida ou morte. Sim, o moço agora é que, afinal, é gay)
- Tu até tens boas probabilidades para ser modelo se bem que te falta estigma e com 21 anos não sei se alguma agência já te aceita. (Nem comentando a idade referida, o que será ter falta de estigma? Que beleza esta utilização fluente do mais alto linguajar de Camões, mesmo que sem sentido algum. Não intessa. Fica bem dizer algo assim no meio de uma frase)
- É ridículo dizer o contrário. É óbvio que preferia ser uma gaja burra mas espectacular do que ser inteligente mas gorda. Para isso prefiro ser homem. (E seres um homem burro, que tal é? Pois, ele não sabe. Para isso teria de pensar um bocadinho que fosse)
- Claro que não queria ser mulher, gosto de ser gay. Sou gay porque ser gay é ser in. (Pronto, está explicado. Porquê debater a questão? Porquê estudos científicos sobre a homossexualidade? Factores genéticos, ambientais, de educação? Qual quê? A explicação é simples)
- Não digas “Finalmente”, diz “Finas”. É mais chique, soa mais a putice. (Ainda pensei que soasse mais in, porque chique não vejo onde, mas afinal não é bem isso)
- Eu adorava ter um cão para lhe vestir roupas e comprar uma coleira daquelas lindas. E de marca. (Pois, as associações de defesa dos animais deveriam adoptar este slogan)
- Ai, não se usa nada beber bebidas com cores coloridas. Isso vê-se logo que é gente que não interessa. (Pronto, cores coloridas. Muito bem. Pronto, e agora será que me dirigem a palavra se eu beber cerveja? Espero que não!)
- Adoro ir ao Frágil. A música não vale nada e aquilo não tem graçola nenhuma mas vê-se, é-se visto e está-se ao pé de quem interessa. (Ah, pronto. Se interessa, interessa. Tenho de rever os meus interesses, está visto!)
- Já não fumo há duas semanas. Já não seu usa fumar. (Sim, porque a saúde e as finanças são algo de absolutamente secundário, que cabeça a minha!)
- Eu nem gosto muito do nome Filipe mas assim posso chamá-lo de Pips. (O homem deu ao sobrinho um nome de que nem gosta mas assim pode chamar-lhe de tal extraordinário diminutivo. Sim, porque se desse um nome que adorasse já não podia, jamais, chamar-lhe Pips)
- Sim, deixei o Holmes e estou no Clube 7. É longe da minha casa mas é mais selectivo. Há mais gente conhecida. No Holmes também há mas esses já não interessam. (Foi mesmo por isso que deixei o Holmes Place. Aquela gente já não interessava. Pronto, lá vou eu pedinchar uma inscrição no Clube 7)
- O filme é excelente. Não vês que está no King!? (E se está no King é, óbvio que é excelente. Que ousadia pensar o contrário)
- Eu não frequento sítios com muitos gays. Não gosto do ambiente. Só venho aqui porque aqui é na rua e passam alguns heteros. (Ora pois, é na rua, é diferente, muito diferente. Não tem tecto. E se passam heteros a diferença é ainda mais abissal, sim senhor. Oops, lá passou um. Uuuuu, grande diferença!)

E pensar que isto foi dito com ar sério e perfeitamente normal, não o de gente alcoolizada ou na brincadeira.
Dito com aquele ar de quem está a ter uma conversa deveras interessante e a demostrar a personalidade forte, marcada, vivida, madura e frontal que se tem. E pensar que não saiu tudo da mesma boca.

Mandinka

E também da Irlanda a outra voz que adoro.
E já lá vão 18 anos. Era tão novinha e ainda não estava à vontade em palco.

(Sinéad O'Connor)

When We Were Young

Tenho a mania de imaginar videos para músicas antes deles saírem. Por vezes fico irritado porque nunca chegam a sair ou são tão maus quando se poderia fazer algo de tão bom.
Há umas semanas idealizei o video perfeito para o tema "Happy Ending" do Mika. Sim, perfeito, eu acho.
Entre outros, calculando que este poderia vir a ser um sigle do álbum da minha Dolores, fiz o mesmo. Uma coisa era certa, não teria telefones mas sim um carro acelerado. Quando li que o video ia ser gravado num armazém londrino fiquei espectante. Então e o carro? Então e a estrada? Então e ela algo agressiva ao vento? Pois, como aqui se vê, não foi bem, bem do que idealizei.
Acelerado sim, ela algo agressiva sim, mas noutra onda. E gosto, gosto muito das cores, das luzes, da expressão dela, das pessoas que surgem, do armazém decadente mas tecnicamente sofisticado.
Fica já aqui explícita a indignação pelo facto da MTV norte-americana estar a pensar não passar o video ou tapar algumas imagens. E de quem? E por causa do quê? Pois bem, dos dois rapazes gays que se beijam. E estamos a falar do país cujo simbolo máximo é suposto ser a Estátua da Liberdade.
Em relação a Miss O'Riordan, resta-me deixar aqui um escrito na sua língua: God made a special voice tone for Dolores O'Riordan or maybe He made Dolores his break time. I don't know which one.
Yeeees, estou tão contente. Ela lançou um video novo! Pode não ser motivo de felicidade para ninguém o lançamento de um video, mas para mim é. Fico feliz com estas coisinhas.

Linha Verde

Há tempos, ouvindo um típico pessimista a falar, ocorreu-me um pensamento primário mas que me parece fazer sentido.
Dizia ele algo como isto: "De que adianta ter momentos de alguma felicidade, em que estamos bem, se a seguir há-de acontecer algo de mau que vai estragar tudo e nos deita abaixo? Por isso prefiro não me entusiasmar muito com nada, porque já sei que a seguir alguma coisa vai correr mal."
E o meu pensamento foi: A vida é como aquelas máquinas dos hospitais. Aquelas máquinas com ecrã negro e linha verde que indicam se o doente está vivo ou morto.
Ora eu prefiro viver a vida a descer, sabendo que horas, dias, semanas, meses depois vou subir (pelo menos acreditar e fazer por isso), do que vivê-la na monotonia diária da horizontalidade. Isso é sobreviver, quanto muito. E não posso crer que estou aqui para me resignar a tal verbo.
Quem a vive assim, linearmente, pode até não sofrer, não saber o que é a dor, mas certamente não saberá o quão boa é a subida, o quão bom é afastarmo-nos do fundo, o quão bom é ver e sentir a linha verde a subir. O que sabe da vida aquele que a vive de forma recta? Esse percorre o ecrã negro de forma rápida e linear. Eu prefiro percorrê-lo de um lado para o outro, para cima e para baixo. Fica mais iluminado.
Se a linha for recta, horizontal, a pessoa não vive. Não vive, pelo menos, como eu ainda entendo a vida. Está ali, apenas um corpo, um corpo sem efectiva vida. Se a linha subir e descer, a pessoa está viva.
Se alguma coisa levamos da vida é ela mesma. O que vivemos é a única coisa que levamos connosco quando da vida saírmos.

Had a really nice day

Pois então o dia 17 dificilmente poderia começar melhor. E não, não foi por ter iniciado o ano lectivo, não. Não foi porque mais tarde dei comigo a mostrar a escola, que ainda mal conheço, a dois alunos quase cegos, tão nervosos de pânico pelo confronto com um mundo novo, não. Não foi por ter chegado à escola mais de 1 hora antes de entrar na sala de aula, meia hora antes da escola sequer abrir. Tudo para escapar ao malfadado trânsito.
Começou logo pouco após a meia-noite. Estava a dar na televisão o maravilhoso Brokeback Mountain. Não vi do início mas não resisti a ficar no sofá a ver até ao fim. Tinha de me levantar dali a 5 horas, tenho o filme em casa, mas ainda assim ali fiquei a ver a história de amor daqueles dois homens rudes. Como sempre que vejo este filme, as lágrimas foram uma presença. Mais do que isso, dei comigo a chorar compulsivamente. E ali, sozinho, podia fazê-lo.
Enfim, lá me fui deitar. Ainda os lençóis não estavam quentes e começo a ouvir um barulho que nem sei bem descrever. Uma espécie de suplicante miar gritado. O Bruno não estava na cama, como sempre é de seu costume.
Levantei-me num milésimo de segundo e corri para a cozinha. Lá estava a minha Camilinha a andar de um lado para o outro junto à liteira das necessidades. Assim que me viu olhou-me com o ar mais aflito que um felino pode mostrar. Algo se passava. Havia sangue no chão, sangue misturado com alguma urina. Não era muito, mas para um animal tão pequeno, era certamente.
Peguei na transportadora, meti a pequenina lá dentro e “voei” para o Hospital Veterinário do Restelo que, em tempos me aliviou da dor de julgar o meu Bruninho cego. Era ainda tão pequenino.
Cheguei ao balcão, expliquei o que se passava e esperei na sala que ali está para o efeito. Era eu, a Camila (que ora lançava um grito idêntico ao que tinha produzido todo o caminho, ora ficava em silêncio amedrontado), uma senhora de meia idade com o seu gato e um casal de dois homens com o seu cão.
Era só o que me faltava, um casal de dois homens. E logo agora que os casais, sobretudo estes, me andavam a irritar tanto. Ai estavam a fingir serem amigos, claro. Um, o seu cão e o amigo, claro. Mas eu, imediatamente percebi que eram mais que isso. Havia ali uma preocupação mútua pelo cão que não se aguentava bem de pé.
Apeteceu-me chorar. Porra! Dia 17, praticamente não iria dormir, esperava-o horas de trânsito ou, para evitá-lo, teria de ir tão cedo para a escola que lá chegaria mais de uma hora antes desta abrir, e hoje só entrava às 9 horas. Ia começar o ano lectivo, tinha tanto para fazer na escola, a sua menina estava mal, não sabia o que era, ia pagar uma fortuna quando já pouco dinheiro tinha até receber o ordenado, ali estava em frente aqueles dois e, ainda por cima, estava ali sozinho. Sozinho tinha ali chegado, aflito por vê-la aflita. Sozinho dali ia sair sem saber como ela estaria. E à noite, à noite parece que quando a solidão bate, bate com mais força. Se estamos na rua é porque está escuro, se estamos num recinto fechado como aquele, é porque a luminosidade artificial nos mostra que é noite.
Lá entrei. Não demorou muito mas pareceu que sim. Lá descobriram que a menina está com uma infecção urinária. Lá lhe deram uma injecção. Lá lhe meteram um tubo para drenar a urina que saiu em quantidade industrial misturada com sangue. Ela estava exausta ali estendida, tão exausta que ali ficou ainda mais uma hora a soro.
Quando saí do hospital vi o casal a entrar no carro com o cão. Boa, tinha de vê-los outra vez. Estavam mais sorridentes, deviam ter ouvido boas notícias, mas, ainda assim, percebi que um deles estava irritado. Percebi que, dentro do carro, estavam a discutir. Um falava e esbracejava e o outro ora olhava para o cão que estava no banco de trás, ora olhava para a janela do seu lado. Discussões entre casais, típico. E o que seria melhor? Tê-las ou estar ali sozinho, às 4 e tal da manhã?
A Camila estava deitada na transportadora, estava tão cansadinha. Agora era dar-lhe a medicação e estar atento para ver se ela conseguia urinar nos próximos dias. Caso contrario, lá irei outra vez para o hospital.
E como é que poderia ver isso se agora era chegar a casa, tomar um banho e voltar à estrada fazendo quase todo o mesmo caminho em sentido contrário? Podia dormir um bocado, ficar em casa a cuidar da menina, mas era o primeiro dia de aulas, os miúdos invisuais precisavam dele, ele tinha prometido ajudá-los, estar com eles neste dia. E ainda por cima, caso faltasse, ia perder o dia no centro de saúde na esperança, que poderia ser vã, de um qualquer médico me passar um atestado por uma doença que não tenho. Invenções extraordinárias da senhora Ministra da Educação.
Já em casa, pronto para voltar a sair, lá dei um beijinho à princesinha, falei com ela deitada de olhinhos fechados e alertei o menino Bruno para que tivesse juízo, muito juízo e não importunasse a Camilinha.
Hoje, dia 17, precisei tanto de alguém. Alguém que me ajudasse, alguém que ali estivesse, alguém que me apoiasse. Por isso aquele casal ainda me irritou mais. Há coisas que ainda não consigo fazer sozinho. Consigo, até consigo, tal como o fiz, mas acompanhado de uma desconfortável dor apertada no peito que não consegui aniquilar.
Podia ser pior. Lembrei-me do filme, da forma como aquele homem abraçou aquelas camisas, da forma como saiu daquela casa, da forma como disse aquelas palavras. O sofrimento de saber morta a pessoa que tanto se ama. Podia ser bem pior.
Portanto, nada melhor do que abrir as janelas da frente do carro, acelerar na auto-estrada, ser inundado de vento por todo o lado e ouvir uma música alegre para animar o caminho. "The Magic Position" do Patrick Wolf com direito a palmas e tudo. Para animar, para esquecer um bocado, para manter os olhos abertos.
O dia 17 ia ser longo, estava cheio de sono, queria que fosse curto para voltar a casa, dormir alguma coisa e, sobretudo, ver como estava a minha menina.

Home.

Three years ago we slept together
Together for the first time in that place
It was not supposed to be that way
We did not want to be that way
But it happened.
It was not a place, we knew that, it was not a house.
It was a home. A sweet home. Our home.
So much things to do, to dream, to live
It was dirty, almost without a thing
But it was yet a home.

A place called home

(PJ Harvey)

Menti. E sinto-me bem por isso.

E quando a mãe que amamos nos brinda com um sorriso como há muito dela não via e nos oferece algo?
- Filho, a mãe tem aqui uma coisa para ti. É esta moldura. Se não gostares diz, já sei que dizes sempre quando gostas ou não. Como já sei que és esquisito... Se não gostares a mãe fica com ela, não te preocupes. A mãe pediu para comprar porque achou que ficava bem na tua sala. É da loja dos 300 mas as cores são a condizer, não são? E é assim toda moderna, com estes desenhos e tudo. Não fica lá bem?

E como é que eu, perante aquela ternura de quem está tão doente mas que ainda assim quis brindar um filho, poderia dizer algo abaixo de...
- Claro que fica bem. É linda. Obrigado, adoro. Mas olha, não mates a cabeça com estas coisas. Tens é de descansar muito. Não te preocupes com a minha casa. É linda.

E ela, conhecendo o filho que tem, mas com um sorriso tão brilhante, ainda diz:
- Vê lá, gostas mesmo, filho? É que a tua casa é tão esquisita, coisas tuas, e eu já não sou nova, não perecebo dessas coisas modernas.

Debrucei-me e ela, pegando na minha face com as suas duas mãos, encheu-me de beijos.
- A mãe só quer que sejas feliz.

- E sou mãe, sou. Mas ainda vou ser mais quando tu ficares boa, ouviste? E agora vou para casa e vou já pô-la na sala. Depois quando lá fores logo vês.

- Vê lá, se não gostares...

Menti. Não é muito feia, mas jamais eu a compraria. Como dizer-lhe isso? Não fui capaz. Aquela mulher merece tudo de bom, tudo, mesmo tudo. E estas pequenas coisas são de uma grandiosidade enorme para ela. Sempre detestei mentiras e sempre as evitei, mas menti. Nem lhe contei que a Camila está doente. Hoje ela tinha de se deitar feliz. Cheguei a casa e coloquei a moldura na sala, claro. A fotografia é quase indiferente, peguei numa qualquer que não ficasse muito mal. A moldura é o que interessa. A moldura linda que a minha mãe linda me ofereceu.

Cafe com leite ou cha.

Há dois anos que ali trabalhava e há muitos mais que o mesmo se passava. Sabia-o. Tinham-lhe dito. A nova empregada moldava achava aquilo impressionante. Quem não acharia?
Àquela hora, àquela precisa hora já sabia que, olhando para a porta, entraria o Sr. Augusto. Alto, magro, com os seus óculos de lentes sempre muito bem limpas, a barbicha branca milimetricamente aparada e a roupa clássica sempre de corte perfeito. Uma figura de aspecto impecável. Fazia-lhe lembrar alguém da aristocracia e, por isso, com ele a atenção era redobrada, quase denotando um respeito extremo. Os que ali costumavam estar de manhã sentiam o mesmo, era nítido. Se um ou outro trabalhador das obras falava mais alto logo tão cedo, baixava o tom como que se de um quase rei ali chegasse. Era sempre assim. Olhar para aqueles homens e olhar para aquele senhor era como que comparar um castelo, onde ele poderia viver, a um andaime, onde eles certamente trabalhavam.
Tirava o chapéu à porta, ajeitava o cabelo ralo, entrava e dizia um “Bom dia” baixo mas grave. Sorria a uma ou outra criança que por ali estava e dirigia-se à mesa do costume que estava quase sempre desocupada. Se algum novato do café a ocupasse ele não se sentava noutra. Ficava de pé, estático, e esperava pelo “seu” lugar.
Ele tentava despachar os ocupantes o mais rapidamente possível para que o “Senhor Augusto” se pudesse sentar. Aquele era o seu cadeirão.
Como de costume, o senhor Augusto sentou-se. Colocou uma perna sobre a outra, ajeitou a gravata, o casaco que nunca tirava e já ele lá estava para atendê-lo.
Uma torrada não muito queimada, só com um calorzinho,, e um chá. Desta vez era chá.
É sabido que em todos os cafés, pela manhã, é comum os habituais clientes pedirem sempre o mesmo. Ele sabia bem o que cada um queria e já nem precisava perguntar. Mas ao senhor Augusto tinha de perguntar sempre se era chá ou galão, que segundo o senhor Augusto era café com leite. Nunca o ouviu dizer a palavra “galão”.
O senhor Augusto tomou o seu pequeno almoço e, claro, fumou o seu cigarro. Não falava com ninguém. Limitava-se a olhar para o vazio ou a olhar para este ou aquele cliente que ia entrando ou saindo.
Desta vez teve a coragem que há meses queria ter. Dirigiu-se à mesa com o troco e, nervoso, falou.
- Peço imensa desculpa, Senhor Augusto. Eu sei que não é da minha conta, mas... porque é que umas vezes pede chá, como hoje, e outras um café com leite? Desculpe.
- Não tem nada que pedir desculpas, meu rapaz. (O senhor Augusto esboçou um riso) Por mim, o ideal seria que me trouxesse uma ou outra coisa sem ter de me perguntar. Sabe, é que de manhã sou de poucas falas e ainda estou meio a dormir.
- Ah, peço desculpa se o incomodo, então. Desculpe.
- Não, nada disso. Já lhe disse para não se preocupar.
- Pois, mas como é que eu posso saber se quer café com leite ou galão se ora pede um ou outro? Não sei o que o senhor quer a cada dia.
- Eu também não sei. Digo ao calhas.
- Ao calhas? Bem, está bem. O senhor é que sabe. Tenha um bom dia, senhor Augusto.
O Senhor Augusto sorriu para ele como que de um completo ignorante ele se tratasse.
Voltou ao balcão onde a coleguinha moldava atendia clientes mas olhava de esguelha para ele, expectante.
Ele não entendia. Ao calhas? Será que amanhã lhe deveria levar café com leite ou chá sem lhe perguntar? Arriscaria? Que homem estranho. Reformado há tantos anos, o que o levaria a entrar ali todos os dias às 7 e 5 em ponto como se fosse trabalhar todos os dias, quando se sabia que ia voltar para casa ou, à quinta-feira, para um banco de jardim ler o seu jornal?
Nisto, o senhor Augusto fez algo de diferente. Em vez de se dirigir em direcção à porta, dirigiu-se ao balcão e fez-lhe um sinal com o dedo.
Ele aproximou-se, largando disfarçadamente em cima do microondas, um pano de cozinha molhado que tinha na mão.
- Senhor Augusto, precisa de alguma coisa? Diga, diga.
- Sabe, meu jovem, são vícios. Era assim que a minha Laura fazia. Todas as manhãs era assim. Era uma coisa nossa que surgiu logo nos primeiros tempos de casados. Depois do banho chegava à cozinha e nunca sabia se ela tinha feito chá ou café com leite. No início riamo-nos muito com aquilo. Isto depois de até nos termos chateado também algumas vezes. Ela adorava ver a minha cara de surpresa quando olhava para a mesa. Era uma brincadeira que ficou. Deixei de me irritar, deixei de rir, ela também. Passou a ser algo nosso, algo de todas as manhãs. E depois de ela partir fica esta mania e ficará até eu me juntar a ela. Enquanto não vou, sabe, pego nestas coisas para ficar mais juntinho à minha Laura. São doidices parvas de um velho como eu. Os jovens não entendem.
- Não diga isso...
- Digo, filho, digo. Continue o seu trabalho e até amanhã... Ah, só mais uma coisa, estive ali a pensar e amanhã volte a perguntar-me se quero chá ou café com leite. Pergunte-me sempre. Quando eu deixar de aqui vir saberá que já não precisarei de responder o que quero. A minha Laura decide.

The girl you talk or will talk about

Cada vez mais me convenço de que é do "Velho Continente" que vem a melhor música, não dos cada vez mais banais e entediantes americanos.
De entre os inúmeros nomes de grande qualidade, aqui está mais um. A inglesa Amy Winehouse.
Fala-se das tatuagens, da extrema magreza, do cabelo, dos vícios do alcoól e drogas, das suas broncas em quartos de hoteis, etc... A famila da moça, segundo consta, pede para não comprarem o álbum porque o dinheiro só servirá para ela continuar nas drogas e no alcool.
A verdade é que esta moça transpira talento e consegue abarcar vários géneros musicais.
É procurar e ver que sim.
O look, o estilo meio chique-deprimido, as suas atitudes polémicas só ajudam a que se ainda não ouviu falar, vai ouvir certamente.

(Amy Winehouse - Rehab)

Back To Black

Para quem dá importância... aos 2.03 minutos aparece o senhor Mika a assistir, outro de quem tanto se fala.
(Amy Winehouse)

Reuniao de Conselho Bloguista

Aos 16 dias do mês de Setembro de 2007, pelas horas a que cada qual estiver a ler, sob a presidência do blogger Graduated Fool, deu-se início à reunião deste Conselho Bloguista, com a presença de todos os leitores do blog, à excepção de alguns cujas faltas se encontram devidamente justificadas, com a seguinte ordem de trabalhos:

Ponto um - Informações;
Ponto dois - Obrigações;
Ponto três - Outros Assuntos.

Relativamente ao primeiro ponto da ordem de trabalhos, o blogger informou os restantes elementos que quer, porque quer, porque é necessário, porque é fundamental, porque é óptimo, uma rede. Especificou que não quer uma rede daquelas que desenham uma rede em si e que deixam marcas de quadrados no corpo, muito comuns pelos vários parques de campismo, mas uma rede de pano. Para demonstrar o pretendido, o blogger apresentou um documento fotográfico elucidativo, documento esse que segue em anexo a esta acta.

No que concerne ao segundo ponto da ordem de trabalhos, o blogger tomou novamente a palavra e fez notar os presentes que, como membros visitantes deste blog, devem sentir-se na obrigação de procurar e adquirir uma rede como a referida no ponto anterior a este. Sublinhou ainda que esta deverá ser de cor única ou com padrão, não fugindo às cores branca, creme, vermelha, laranja ou cinzenta. Poderá, no entanto, ter apontamentos de outras colorações. Informou também que, após a aquisição, esta deverá ficar, impreterivelmente, em posse do presidente desta reunião.

Não havendo assuntos a tratar no ponto três da ordem de trabalhos, deu-se por encerrada esta reunião da qual se lavrou a presente acta que, depois de lida e aprovada, vai ser assinada pela presidente da reunião e por mim que a secretariei.

Presidente da Reunião:
___Graduated_Fool___

Secretário:
___Graduated_Fool___

No Day But Today

Adoro, adoro, adoro. (Rent)

Without You

(Rent)

l'll Cover You

(Rent)

Ouuuuuuu...

Nada melhor que ouvir isto para animar. Adoro, adoro e adoro!
Dá-me uma energia esta vibração... Já andei aqui em casa a cantar e a dançar ao ponto de ficar completamente transpirado.

Fui ver duas vezes este filme musical ao cinema. Da primeira vez estava uma sala composta mas da segunda eramos só dois. Ainda gostei mais. As personagens, as músicas todas elas óptimas desde as baladas às divertidas, os cenários, as histórias, os temas... tudo.
Uma sala inteira só para dois. ainda absorvi mais e melhor cada cena do filme.
E um dia, um dia hei-de ir ver em palco.

Ouuuuuuu...t tonight!!! (Rent)

Isto = Isto

Perante isto:
Inteligent people don't waist time having a blog.

Responde-se isto:
Stupid people cannot even take time to think before they speak.

In and out


O resultado de um dia cansativo foi este.
Fritar um ovinho bom e falhar a frigideira.
Ainda estou para saber como é que fiz isto.
E, a seguir, para remediar, queimei os dedos.

What a day!

Chegou a casa dos pais. Como estaria a sua mãe? Ia sabendo pelo telefone mas queria vê-la, tinha de vê-la. É diferente ver, estar, olhar do que apenas ouvir via aparelho electrónico. E sabia que ela queria sempre vê-lo. Quando não estava completamente exausta, por causa dos medicamentos, os olhos brilhavam quando o viam. Enchia-o de beijos.
Lá estava ela. Vá lá, veio ter com ele à porta, não estava sentada no sofá e muito menos deitada na cama, no quarto totalmente escuro sob o efeito de químicos que, supostamente, lhe fazem o cérebro descansar.
A mãe, a sua mãe querida que, desde há anos, o fazia sentir que merecia uma estátua. Sempre viveu em função dos outros. Cuidou dos filhos, depois do pai, depois da mãe, depois da tia, depois da sogra... até não aguentar mais e atingir o ponto limite. Aquilo a que o médico denominou de esgotamento profundo e altamente grave. Segundo ele “se a senhora se não viesse logo, passava-se para o outro lado.”
E ele tinha presenciado isso. Ela não falava, não conseguia abrir os olhos, não reconhecia a voz dos filhos. Estava melhor, bem melhor mas ainda longe de estar bem, muito longe. Quando se sentia melhor deixava os medicamentos e voltava ao mesmo. E assim tem sido desde há uns anos.
Ali estava ela. Ela que sempre teve uma pele de bebé, que sempre pareceu mais nova do que o era na realidade, apesar da muito descuidada imagem, a imagem de quem se dedica somente aos outros, agora, em meses, tinha ficado velha. Uma pele estragada, repleta de rugas num corpo que, desde o nascimento dele, nunca fora magro. Agora era-o. Mas aquela magreza de quem está doente.
O pai estava deitado. Sempre foi um trabalhador do duro, dos trabalhos duros. Contruiu garagens, casas, mobilou, construiu mobílias, fez mudanças, tudo e mais alguma coisa que se possa imaginar. Agora, depois dos 60, o corpo traduz isso. Operado a uma hérnia, que ainda não o deixa descansado, tem outra a piorar. E ali estava ele. Sentou-se na cama com a dificuldade de quem tem mais 20 anos em cima.
“Pus-me a esfregar o chão da varanda e pronto, dei aqui um jeito que nem me consigo mexer.” Estava magro também. A barriga própria da idade tinha desaparecido. “Eu até como bem mas isto é do stress, dos nervos, ando sempre com preocupações. É a tua mãe que não melhora, és tu a trabalhar tão longe, é o teu irmão, a tua tia, o bairro que está velho e precisa sempre de obras. Matei-me a vida inteira e agora não consigo fazer nada!”
Entrou o irmão. Ele, desde há muito, que não era próximo do irmão. Conviviam pouco, estavam pouco tempo juntos, tinham assumido vidas diferentes desde que passaram a dormir em quartos separado. Mas sabiam, qualquer pessoa notava, que se adoravam, que algo de muito forte os ligava. E essa ligação fê-lo, imediatamente, perceber que o irmão não estava bem, nada bem.
A sua namorada, a sua companheira com quem já vivia há algum tempo, estava no hospital. E quando disse esta última palavra, ele percebeu o quanto algo estava a apertar no peito do seu irmão. De repente viu ali o miúdo reguila pequenino que se angustiava quando os pais lhe ralhavam. O miúdo que ele defendia com todas as forças. O miúdo a quem se metia à frente quando o pai ameaçava bater-lhe.
“...está lá há horas e horas. Apareceram-lhe uns caroços debaixo de um braço e começaram a doer-lhe ontem. E hoje percebeu que tinha mais uns debaixo do outro braço e que lhe doeram quando acordou. Fui logo para lá com ela. Fez exames e o médico diz que não deve ser nada. Ainda lá está não sei porquê. Vai trazer uns medicamentos e se não passar a dor vai ter de ir a um médico especialista.”
Todos tentaram ser fortes. O irmão evitou uma lágrima, que ele viu ali quase a cair, por não querer preocupar, sobretudo, a mãe. Esta não se mexeu além de baixar a cabeça. Quis mostrar-se forte. O pai tentou mostrar a força de um chefe de família. E ele que queria abraçar todos, ali mesmo, não o fez. O irmão precisava da segurança dele. A mãe e o pai do mesmo. “Vá lá, não vamos pensar no pior, ora essa! Às vezes os gânglios linfáticos incham e ficam doridos quando adoecemos. E temos muitos debaixo dos braços. Até uma simples constipação, um virusito qualquer pode provocar isso.” “Sim, o médico disse isso.” “Estás a ver! Vá, nada de coisas já, ora essa!”
Foi para casa. Era a mãe, era o pai, era o irmão agora e a sua companheira. Eram namorados há mais de 10 anos. Desde miúdos. Ela a primeira namorada dele e ele o dela. E era invejável vê-los juntos, ainda hoje. Parecia que se tinham conhecido há dias. Era tão bonito ver o seu maninho pequeno com a sua mulher, a sua casa, a sua vida de casado. E, de repente, ir-se-ia tudo desmoronar? Nem queria pensar nisso. Não conseguia sequer imaginar o desespero do irmão. Poucas coisas o magoavam mais do que ver o irmão chorar. Tantas vezes que preferiu ser ele a deixar cair as lágrimas, a levar uma ou outra palmada, um ou outro raspanete. Ele estava sozinho mas o irmão não podia assim ficar. A imagem do irmão a chorar era-lhe insuportável.
Chegou a casa e a sua menina cinzenta não apareceu a espreguiçar-se à porta, como sempre fazia. Foi ao quarto e lá estava ela. Deitada de olhos fechados com o branquinho muito juntinho a ela, sem ser em demasia, porque ela não gostava de tais proximidades, ele sabia-o.
Ajoelhou-se junto à cama e ela lá abriu os olhinhos. Não aqueles olhinhos espertos e altivos, mas uns olhinhos tristes.
Não demorou 5 minutos a pegar no carro para levá-la ao veterinário. Não foi ao do costume. Era longe e aquela hora havia muito trânsito. Foi ao primeiro que encontrou no centro da cidade.
Febre, a sua princezinha tinha febre. "Acontece de vez em quando. Ainda é cedo para dizer mas pode ser que esteja grávida, esta coisa linda. Se não for isso a ver se fica boa" disse a veterinária.
Voltou para casa e pensou: "Pronto, eu e o branquela estamos bem. E os outros vão ficar todos bem também. Vão, não vão Branquela?" O peludo que nunca ia à porta esperar quem fosse, ali estava, desta vez.
Sentou-se no sofá, onde colocou a menina doente, e resolveu ocupar-se de algo que o preocupasse o menos possível.
A princesa deitou-se a seu lado e o branquinho no chão a olhar para ambos.

Foi há 3 anos...

And the secret has been told... and i was there!

Foi há 3 anos...

A loucura e o nervosismo em arranjar bilhetes... Ali estavamos no multibanco, nas duas noites...
As horas e horas à espera na fila, com gentes de todo o mundo a aguardar o momento...
O cinto que quase ficava para trás...que ficasse... nós iamos vê-LA!
A alegria, a felicidade, as lágrimas, os risos, os gritos, a euforia que se sentia naquele pavilhão...
E foi assim que tudo começou naquelas duas noites... a abertura para o maior espectáculo que alguma vez vi ao vivo.
Please, come back!

Foi há 3 anos...

É difícil ter-se mais classe e estilo.
No primeiro dia vi-a lá de cima, ao lado. Mas no segundo dia estive mesmo, mesmo ali à frente... tão pertinho.
Foi maravilhoso!

Sunday morning call

Here's another sunday morning call
Yer hear yer head-a-banging on the door
Slip your shoes on and then out you crawl
Into a day that couldn't give you more
But what for?

And in your head do you feel
What you're not supposed to feel
You take what you want
But you won't get it for free
You need more time
Cos your thoughts and words won't last forever more
But i'm not sure if it ever works out right
But it's ok. It's alright.

When yer lonely and you want to hear
The little voices in your head at night
You will only sniff away the tears
So you can dance until the morning light
At what price?

Where Did It All Go Wrong?

You know that feeling you get
You feel you're older than time
You ain't exactly sure
If you've been away a while

Do you keep the receipts
For the friends that you buy
And ain't it bittersweet
You were only just getting by

(Noel from Oasis)

Slide Away

I don't know, I don't care, all I know is you can take me there (Noel from Oasis)

Algo de novo na escola da margem sul

Pois bem, durante anos fui professor de alunos surdos. Hoje, após uma reunião em que passei o tempo a desenhar, tal era a barulheira e desorganização vigente, descobri que não só vou ser professor de alunos cegos, como director de turma dos mesmos. Calha-me cada uma!
Mas não me importo. Se ficar nesta escola nova, não me importo de ter estes alunos. Já fiz tantas coisas no ensino, é mais uma. E, sinceramente, até acho aliciante. Vai ser complicado, tenho a certeza, mas é, mais uma vez, algo de diferente onde farei o melhor que conseguir.
Consegui contactar a mãe de um dos alunos que veio à escola em pânico com a situação do filho que, tal como eu, entrou para uma escola nova. Se para mim é uma confusão com tantas coisas novas, imagino para uma criança destas.
"Ele precisa de materiais próprios, ele dá muito trabalho, é um rapaz muito revoltado com o mundo, precisa de alguém que ande com ele pela escola, o leve aqui e ali, lhe dê muita atenção e carinho. O professor poderia fazer-me isso? Ele precisa tanto de ajuda. Por favor..."
Perante isto, perante o olhar quase suplicante daquela mãe, como iria dizer que não? Que sou professor e estou ali para ensinar, não é para andar a dar carinhos, para andar a passear com os meninos pela escola, levá-los à casa-de-banho e por aí fora? E os meus intervalos? E o meu cigarrinho?
Lá conversámos um bom bocado, tentando minorar a angustia daquela mãe. Lá fiquei com umas luzes sobre a situação. Assusta-me, mas alicia-me ao mesmo tempo.
Agora é convencer os meus colegas a trabalhar convenientemente com estes miúdos. Já vi que a reunião de conselho de turma de amanhã não vai ser fácil. A ver vamos...

Everything i hate

(Anna Vissi)

Postcard

You're moving on to God knows where
Send me a postcard when you're there
Will I remember?
What will i say…
“The weather is nice today?”

(Bigger Side - Anouk)

"Vai correr tudo bem!"


Partiste.
Ainda não sabia o que ficaria, para sempre, marcado naquela rocha alaranjada, somente lá.
Subiste aos céus e aqui fiquei em baixo na certeza de que irias estar sempre comigo.
Em jeito nervoso e atrapalhado saiu-me um “Vai correr tudo bem!”
Hoje está a chover, só podia, mas a chuva não é a mesma.
Hoje vou dormir abraçado… abraçado a mim mesmo.

"Pro": Estou chateado!


Estou chateado. Fui enganado. Não sei quanto tempo a mudar dimensões de fotos, formatos e coisas que tais para colocar no meu blog "Imitation Of Life" (link aqui ao lado) mais algumas fotografias tiradas nas férias de Verão, desta vez nos campos de concentração de Auschwitz e Birkenau, quando me aparece a estonteante mensagem de que caso não aderisse ao "Pro", me iriam apagar as fotos mais antigas. Lindo!
Pois bem, eu já sabia que, não tendo o dito "Pro", só posso ter três álbuns de fotografias e que tenho um limite de megabytes disponível por mês. Tudo informado quando tentava criar um quarto álbum e quando rapidamente atingi o valor de megabytes possível. Ok, remediou-se. Uma questão de ir ao photoshop, mudar a quantidade de bytes das ditas e de condensar tudo em três álbuns. Feito!
Agora isto? E assim? Sem sono, aqui estive de roda disto e eis que a mensagem, mais adorada possível, aparece. Só lhe faltava uns neons e umas estrelinhas, em torno da mesma, para me encher os olhos.
Resultado: O álbum com fotos da casa, todo ele...gone! Não sei quantas fotos dos meus lindinhos...gone! Carradas de fotos de Berlim...gone! Sim, de repente fico a saber que só posso ter um total de 200 fotografias. Que bom!
Sim, caso adira ao maravilhoso "Pro", não só tenho tudo e mais alguma coisa de forma ilimitada, como ainda recupero as fotos apagadas. Excelente! Obrigadinho pelo aviso em cima da hora! Feliz em saber!
Pois que se lixe o "Pro". Não vou pagar não sei quantos dólares por ano para ter fotos online quando as posso ver aqui no meu computador, era o que faltava.
Quem tiver algum interesse em vê-las, pronto, paciência, terá de esperar e optar por outro meio.

Quem é que se atreveu a apagar fotografias da minha Camila e do meu Bruninho, hã, hã???

E entao?


Sim, não falo. E então? Sim, sou fechado.
Será mesmo melhor, para mim, falar?
Não quero. Não quero falar com ninguém.
Ninguém de fora consegue sequer entender metade do que sinto.
Não quero. Não consigo.
Deitar para fora não me ajuda, não tem ajudado, só piorado.
Nisto não me ajuda.
Deitar para fora não me liberta do que sinto.
Deitar para fora não diminui a dor.
Deitar para fora só aumenta o vazio.
Como ousam comentar?
Sabem lá do que falam?
Como ousam dizer o que for sobre aquilo que não sabem?
Como ousam sequer pensar sobre aquilo que acham que conhecem mas não conhecem?
Como ousam sequer pensar que sabem o que tudo foi?
Não, não sabem.
Não quero olhares de pena.
Não quero que me façam chorar.
Sim, eu não choro. E então?
Sim, eu aguento.
Sim, eu sou forte.
Sou de ferro.
Não quero que me ajudem a recolher cacos. Há-os por todo o lado.
Não o sabem nem conseguem fazer.
Eu não sei. Vocês muito menos.
Sim, não falo. E então? Sim, sou fechado.
Respeitem isso.
Sim, penso demais.
Sim, dou comigo em louco.
Sim, troco tudo, baralho tudo, confundo tudo, não entendo nada.
E então? Acham que entendem melhor?
Sim, não falo. Sim, sou fechado. E?
Se nem forças para falar comigo as tenho…
Sim, afundo-me. E então? Querem vir atrás?
Se me abrisse espalhava-vos tudo isto.
E ainda assim não iam nunca entender.
Vocês sabem lá!
Sim, muitas vezes sorrio quando é o que menos quero.
Sim, rio quando sufoco por dentro.
Sim, disfarço para me aguentar.
Sim, sou um bom actor.
Sim, não falo. E então? Sim, sou fechado.