M – Se não fossem umas coisinhas eu até andava contigo.
Z – Coisinhas? Que coisinhas? E o que é isso de andavas?
M – Eu só não ando contigo porque tu és muito alto e não ficamos bem juntos. E não dá jeito.
Z – Desculpa?
M – Sim, pensa lá. Senão até namorava.
Z – Desculpa? Mas isso é assim?
M – Assim como?
Z – Eu não sou nenhum produto de supermercado, homem. Não sou um objecto. Também tenho voto na matéria, não? Quem é que disse que eu quero namorar contigo ou andar, ou lá o que é? Calminha, ok?
M – Oh, claro mas tu ias querer.
Z – Estás a gozar, só podes estar.
M – Não é para me gabar mas eu sei que sou até muito pretendido, já estou habituado. E estou habituado a que disfarcem. A sério, isto parece que sou convencido mas eu sei que é verdade. E eu gosto de frontalidade e por isso te digo, mesmo que fiques chocado. Só que eu sou selectivo, muito selectivo e há qualidades tuas que para andares comigo são defeitos.
Z – Olha lá, mas tu estás a falar a sério ou estás no gozo?
M – Muito a sério. Eu sou muito directo e as pessoas não entendem isso. Mas eu sou assim.
Z – Whatever. Mas já agora diz lá. Vai até ao fim, já agora...
M – E além de seres muito alto depois és muito giro, apesar de te vestires de uma maneira esquisita.
Z – Tu estás bem?
M – Sim, claro que estou e estou a ser sincero para que não tenhas esperanças e aches que estou interessado. Até estaria mas tenho de impôr os meus limites. E olha que tenho pena porque acho que tu és o melhor partido que pode haver.
Z – Isto não é normal. Sim, mas continua lá, vá. Sou uma torre e sou muito giro. Meus Deus que coisa gravíssima totalmente anti-tudo o que se possa pretender.
M – Eu sei que as pessoas querem namorados altos e giros e ainda por cima tu és inteligente e muito agradável para conversar. Mas eu não posso andar com alguém que seja muito mais alto do que eu, se bem que 1,75 já é ser alto mas tu és demais.
Z – Continua. Estou a gostar da tua sinceridade.
M – E além disso um casal deve ser parecido e apesar de eu saber que sou giro porque me dizem e tenho espelhos, não me imagino com alguém assim muito giro.
Z – E porquê?
M – Porque não gosto muito da idéia de se fazerem ao meu namorado.
Z – Mais do que se possam fazer a ti, claro.
M – Pois, estás a ver, até entendes.
Z – Claro, claro.
M – Sair com um namorado e as pessoas olharem muito para ele não é para mim. Ninguém gosta, não é?
Z – Portanto, o teu problema não é ele ser alto e giro, é as pessoas olharem mais para ele e cobiçarem-no mais do que a ti, certo?
M – Pois, é isso. Ainda bem que compreendes. Eu sou assim. Gosto de frontalidade e de tudo muito bem explicado. E tem lógica isto, não tem?
Z – Sim, muita. Toda a lógica, de facto.
M - :) Pena, devias ser mais baixo e menos bonitinho. E essas roupas também, enfim...
Z – Senão, claro que me davas a oportunidade, o prazer imenso de ser teu namorado. Assim não deixas, não posso ter esperanças, não é? Que chatice! Lá se foi esta chance!
M – Mais ou menos isso. Não exageres. Eu estou a ser sincero e as pessoas não entendem isso. Pensei que entendesses.
Z – E porque não arranjas um namorado baixo e feio?
M – Feio não.
Z – Pronto, claro, que não aches mais giro do que tu, peço desculpa.
M – Pois, eu sou muito selectivo nas relações e não posso ceder em relação a determinados interesses.
Z – O interesse de seres o centro das atenções.
M – Se saio à rua não quero que só olhem para o meu namorado. Quero que olhem para mim mais do que para ele.
Z – Portanto, tu não estás com alguém pelo que possas sentir por esse alguém e ele por ti, mas pelo que os outros possam sentir por ele ou achar dele. Nada tenho contra narcisistas e egocêntricos, tenho é contra egoístas.
M – As pessoas podem dizer que não, mas é óbvio que é muito importante o aspecto. Uma pessoa não quer olhar todos os dias para alguém que tem um ar mais interessante que nós. Assumo isso.
Z – Agradeço a tua sinceridade, mas sabes, também é muito importante não olhar todos os dias para alguém que independentemente da estatura, da cara e da roupa, não tem cérebro ou usa-o sem dar conta de que é um perfeito atrasado mental. Assumo-o.
Z - E agora adeuzinho porque tenho de ir ali para o canto chorar tal a dor de não estar ao nível de poder ousar sequer pensar em ter um namorado como tu. Partiste-me o coração. E eu queria tanto andar contigo para toda a gente ver...
M – Não fiques assim. Estás a brincar, não estás? Eu fui sincero.
Z – Ainda não percebeste que não tem nada a ver com a tua sinceridade?
M – Então?
Z – Esquece.
Usando as palavras de uma amiga, naquele dia fui um “verme rastejante”.
Perante tal síndrome de estupidez e anormalidade, numa atitude de grande falta de educação, fiz algo que nunca tinha feito assim descaradamente. Bloqueei e apaguei tal ser dos meus contactos, com esperança de não me cruzar com ele por aí.
Desviei o olhar do ecrã em direcção a uma das minhas plantas e pensei que prefiro seres acéfalos, enterrados num vaso (esses não só não pensam como não chateiam e incomodam) do que seres falantes, que se movem por aí, em que a massa cinzenta é não mais do que um desperdício.
E viva a diversidade. Viva a diferença. Viva a liberdade de expressão. Mas eu não tenho de levar com todas elas. Assim, não certamente.
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12 comentários:
Esta tua historia faz me lembrar alguem mais as suas manias e la esta, confissoes: de acordar deprimido todas as manhas por ter alguem mais bonito, alto e mais novo ao lado dele. enfim, vidas.
Essa situação existiu mesmo?
Extraordinário cérebrozinho mediocre.
A tua resposta final foi excelente mas eu ainda fazia pior.
Esse gajo é um egoísta armado em bom de primeira.
Tem cuidado, cuidado com muita gente.
PS- Quem é que não quer um namorado como tu? Só mm um batráquio com medo de se sentir ainda mais feio. E olha que eu gosto muito da tua forma de vestir, é diferente e fica-te muito bem. Eu sou mais para o Betinho.
verme rastejante é esse M.
Esse tipo deve ter sido objecto de uma lobotomia só pode.
Sem comentários. Eu nem o deixava chegar a metade da conversa...
Sim, Brama, existiu mesmo. Já começo a concordar plenamente contigo quando dizes que já nada te surpreende.
Pois... então devo lamentá-la. Já não se trata só de me surpreender ou não. Esse tipo de gente vive com uma lavagem cerebral de artificialidade e de dependência da imagem tal, que já dificilmente recuperarão ... é cada vez mais triste esse tipo de ideias e raciocínios que, como não poderia deixar de ser, são mais uma vez típicos de bixas desmioladas, com crânios altamente ventilados de vazios que estão ... de facto quero distância cada vez maior dessa gente ... neste momento o meu lema é: Não percas preciosos minutos da tua vida, em contagem decrescente, com pessoas que não te vão acrescentar nada de interessante.
Sem comentários!
Já presenciei uma coisa parecida.
Um idiota que não quis namorar com uma amiga minha porque ela era muito gira e os outros gajos iam olhar mto para ela.
Mas olha, caga lá nisso. Tens é de ficar contente porque ele te achou giro.
O resto esquece, essa gente não interessa.
O rapaz foi sincero e tu bloqueias?
E os gostos dele são muito duvidosos devo dizer.
é de chorar a rir
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