Calculei que a actuação de baladíssima Amy Winehouse no Rock In Rio não fosse boa, mas ainda tive alguma esperança. Como ia passar na Sic Radical, sentei-me em frente à tv para ver o que me esperava, a mim e aos milhares que estavam no Parque da Bela Vista, uma grande maioria que pagou para ver a "Heroin Girl" do momento, cujos dois muito bons álbuns vendem aos milhões, sobretudo após a vitória nos Grammy's.
Depois de um algo angustiante atraso em que já se pensava que a senhorita não surgisse, em que os apresentadores e comentadores inventavam conversa sobre as últimas proezas da mulher (encontrada a pedir cigarros numa autoestrada, a deambular pela Oxford Street dizendo que tinha fantasmas no quarto...) e seu marido presidiário, eis que ela aparece com o seu look habitual. Vestidinho colorido, cabelo imenso com madeixa oxigenada à frente, coração de plástico na cabeça, várias tatuagens, dentes em falta, uma mancha vermelha (ematoma?) no pescoço, um corte no braço e um olhar completamente desnorteado.
Aos primeiros segundos percebeu-se logo que ia haver desgraça e da grande. Não pensei, ainda assim, que fosse tanta. Visivelmente enbriagada ou drogada, Amy "Casa dos Vinhos" fez jus ao nome e bebeu vinho; cambaleou constantemente; caiu; perdeu um sapato; tropeçou nas próprias esqueléticas pernas; comeu chocolate enquanto cantava (ou não); chorou; riu; tentou mover-se minimamente; pegou, mais do que uma vez, numa guitarra que não usou e lá ia um assistente nervoso tirá-la; viu-se, várias vezes, rodeada de assistentes que, com sorriso trémulo, a tentaram ajudar a levantar, a colocar o microfone; parou de cantar para falar com os elementos do coro que tentavam aguentar o espectáculo da melhor forma possível; falou a meio de músicas num inglês totalmente imperceptível, calou-se a meio de outras; não parou de tirar e de encaixar o microfone; saiu e voltou ao palco sem motivo aparente dando corridinhas parvas; e, pelo meio de tudo isto, cantou, diria melhor, tentou cantar alguma coisa. E o pouco que tentou foi muito, muito mau.
Justificou-se dizendo que estava sem voz e que deveria ter cancelado o concerto. Ok, tudo bem. Mas será que não percebeu que o problema não foi só a voz que não saía? Tudo ali foram problemas atrás de problemas. Mesmo que nos brindasse com a boa e peculiar voz que a caracteriza nos álbuns, o que assisti seria abaixo do deprimente, profundamente decadente e lamentável. Um episódio da melhor sitcom britânica a gozar com esta senhora nunca seria tão absurdo quanto o que ali se passou em menos de 1 hora. Caso para dizer que qualquer imitação desta senhora nunca será tão perfeita quanto o que se assistiu.
Chegou de avião particular ao anoitecer e antes da meia noite já voava para o hotel onde vive em Londres. Em menos de 6 horas em Portugal, em cerca de 1 hora de concerto (nem sei se assim sequer se pode chamar) veio arrecadar, diz-se, mais de 4 milhões de euros. Inacreditável!
Gosto muito dos álbuns, gosto muito da voz (quando a tem), gosto muito do look, gosto muito do género outsider (propositado ou não), mas há mínimos e isto foi abaixo do concebivel. Vergonhoso e triste. Sim, triste. Durante a primeira meia hora dei comigo enervado, constrangido, envergonhado e com pena, muita pena daquela rapariga, mas sobretudo daqueles homens que deram o litro para aguentar com alguma dignidade o que em palco se passou. Depois a pena foi substituída por incredulidade e até algum desprezo. Como é possível fazer-se isto perante 90 mil pessoas? Que respeito tem esta mulher pelo público? Pelo caché que lhe pagaram? Provavelmente muitos acham-lhe graça assim, fazem destas atitudes um culto. Eu não. O que assisti não tem valor algum, é mau e desrespeitador a todos os níveis, até pela banda que teve uma postura bestial.
O público português que pagou para ver a louca inglesa que enche as revistas, como sempre, teve uma postura única. Muito outro público, noutros países, não teria. Por um lado, perante tal situação ridícula, assobiou aquando do final de cada música, por outro, apoiou a lástima humana que tropeçava pelo palco, cantanto, batendo palmas e gritando por ela. Eu, confesso, não o faria. Inicialmente talvez, depois não. Dela espera-se o pior mas não pensei que o pior chegasse a este ponto. Há um limite do que pode de mau acontecer num palco e o que assisti foi abaixo desse limite.
Palmas à banda, palmas ao coro notável que não cedeu e assobios, muitos assobios a si, senhora Amy Winehouse.
Perante as apostas que se faziam de quanto tempo aguentaria em palco, eu preferia quem a ele não tivesse subido.
Senhora Amy, no avião, esqueça as palmas e veja o ponto a que chegou. Talvez sejam as palmas que ajudarão ao fim trágico que a sua vida pode ter.
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9 comentários:
Olha também estive a ver e nem estava a acreditar naquilo. Que grande decepção. Concordo com tudo o que disseste. Foi deplorável e triste, muito triste.
Mais triste ainda o público dar força aquele espectáculo triste. Mais valia que se tivesse ido embora logo no inicio, seria mais digno.
A receber palmas ela nunca terá consciencia do ridiculo q já é.
Na frase final dizes tudo, é isso mesmo.
Deu para ver um pouco na sic online ... também não podemos exagerar ... foi um grande concerto, lá isso foi. Alguém que consegue cantar ao mesmo tempo que simula tocar guitarra, cai no palco, chora e ri e ainda dá uma trinca em chocolate, alternando com um vinhito, não é para qq um. Vejamos a polivalência da Amy Casa dos Vinhos.
Ela tem uma figura lamentável ... não percebo como alguém que chega aquele ponto, se digna a perder o discernimento de não perceber que não está capaz de dar um concerto.
Teria pena dela se não tivesse dado o concerto. Assim não, achei uma falta de respeito para com quem a foi ver ... e só contribuiu para denegrir ainda mais a sua imagem e o seu trabalho.
Estou em crer que com aquela figura miserável, ela já não durará muito mais.
Desculpem.... 4 milhões de euros? Só podem estar a brincar, não? Mandem o dinheiro para África, por favor!
Em menos de 6 horas em Portugal, em cerca de 1 hora de concerto (nem sei se assim sequer se pode chamar) veio arrecadar, diz-se, mais de 4 milhões de euros. Inacreditável!
isto diz tudo merda d mulher e pior ainda.. as pitas e putos q a aplaudiam!
Caro Graduated
faço minhas as tuas palavras, até porque estás mais dentro dos assuntos musicais que eu. Mas o que vi ontem ultrapassou tudo o que antes já tinha visto; e o que mais me irritou é que assisti à reportagem da SIC Radical (não consigo chamar concerto àquilo) com várias pessoas e havia um jovenzinho que entrou em acesa polémica comigo, dizendo que estava a ser sensacional e que quem lá estava era "daquilo" que estava à espera; quando o "menino" me tratou por "baby" disse-lhe para ir chamar "baby" à tia, que deve adorar o Tony Carreira, que é, esse sim, um excelente profissional, goste-se ou não (eu não gosto, mas respeito-o...)
Abraço amigo.
Fico muito triste com essas notícias. Recebi de prenda de aniversário um cd da Amy "Back to Balck". Adorei a prenda e a smúsicas. E fico com muita pena que alguém chegue a esse ponto, enquanto ser humano, e que a organização seja capaz de pagar gato por lebre...
Bom fim de semana
pinguim, pinguim ... o Tony não é um excelente profissional, longe disso ... tem é um grande público de maus ouvintes.
Onde está o profissionalismo de um gajo que:
- não canta;
- não tem presença em palco;
- canta aquelas coisas esquisitas para divorciada e gaja frustrada.
Vá lá caro pinguim, reflicta, reflicta e reformule.
Tou a brincar, cada um gosta do que gosta ... mas eu ABOMINO TONY CARREIRA ... ABOMINO, DÁ-ME CÁ UNS SENHORES NERVOS só de ver aquela figurinha.
Só esta foto mostra o deplorável q esta rapariga é, o ponto a que chegou.
Eu vi na tv o q tu viste e a minha opinião é exactamente a mesma. Foi mesmo triste, triste.
A humildade em pedir desculpas foi bonito mas n chega, foi vergonhoso.
Pois, disseste tudo! É lamentável...
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