Sentado à mesa de café, ouve da mesa do lado um grupo de três amigos:
Z – Aquela de perguntares: “São giros?” quando ele te disse que ia apresentar uns amigos... Ele passou-se. Achou aquilo a maior das futilidades da tua parte.
L – Então, ora, ainda por cima eles eram feios.
Z – E então? O que é que isso importa?
L – Então, para que é que ia querer conhecê-los?
Z – Porquê? Não era para possível namoro. Era para apresentar uns amigos, nada mais.
L – Ai, não quis.
Z - Ah isso é assim? Só te interessa conhecer pessoas bonitas?
L – Claro. Pelo menos que não sejam feias. Agora cá gente feia. Dispenso!
Z – Estás a falar a sério?
J – Estás surpreendido?
Z – Bem, quer dizer, vindo deste gajo, estou e não estou. Já sei como ele é. Adora dar este ar. O que vale é que parto do princípio de que ele está no gozo.
J – Eu concordo com ele.
Z – Concordas?
J - Tu, por acaso, dás-te com gente feia?
Z – Claro que sim. Eu não me dou ou deixo de dar com as pessoas por serem fisicamente isto ou aquilo. Então havia de ser lindo. No trabalho não me dava com muita gente. Mas o quê, vocês não se dão com pessoas que não sejam bonitas?
J – Oh, dar claro que sim, mas no trabalho é diferente. Não há outra hipótese. Mas não tenho amigos feios.
L – Sim, os feios não me puxam.
Z – Mas vocês estão a falar a sério?
J – Se pensares bem, os teus amigos podem não ser bonitos, mas feios não devem ser.
Z – Estás-me a dizer isso a mim? Sinceramente, nunca tal me passou pela cabeça. Tenho amigos feios e bonitos, mas não os escolhi por isso, como é óbvio. Estamos a falar de amizade, certo?
L – Ceeeerto.
J – Claro. As pessoas que não são feias, em geral, não se dão com pessoas feias, hás-de reparar..
L – Podem não ser bonitas mas não são feias, são normais.
Z – Olhem, estou parvo com isto.
E assim ele ficou... parvo... parvo com aquilo. Foi para casa e pensou: “Que raio de amigos tem aquele fulano?!” Apeteceu-lhe chamar-lhes, logo ali, vários nomes. Mas estava demasiado aparvalhado e sem palavras. Talvez fosse melhor pensar que estavam meeeeeesmo a gozar.
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10 comentários:
E a beleza interior não conta???
Não quero conhecer essas duas figuras.
Sem comentários meeeeesmo.
Eu cá sou linda, linda, linda e assim eles podem ser meus amigos mas eu dispenso.
Devem ser umas belezas esses...
Estou sem palavras
A verdade é que talvez haja um certo teor de verdade nisto, infelizmente. As pessoas bonitas andam com grupos de pessoas bonitas ou não-feias. As pessoas bonitas chamam a atenção, as feias não. Triste mas é o mundo em que vivemos.
Se alguém tivesse esta conversa ao pé de mim eu levantava-me e saía dali. Ia ser uma pessoa muito, mas muito feia.
Não é por coisas destas que se definem amizades porque senão quase ninguém era amigo de ninguém.
De qualquer forma deixa-me cá riscar já da minha lista os feiosos amigos e quando me vierem apresentar alguém a ver se não me esqueço de dizer "desculpa, não te quero conhecer, não és bonito".
Tens a certeza que não era uma conversa na brincadeira da mesa do lado?
Com esses critérios para selecção de amizades, não devem ter grandes amigos. Da mesma forma, pela conversa que tiveram, demonstram não ser pessoas inteligentes. Partindo do princípio que a beleza é relativa e o que para uns é bonito, para outros é feio, esses coitados não passam de uns pobres desgraçados, já que sem inteligência e à mercê dos gostos alheios, acabam por ser uns frustrados!
Tinha decidido que quando acabasse o que estava a fazer, ganhava um prémio. Neste caso, comentar este belo diálogo que se estabeleceu entre um gajo normal e duas vítimas de atrofiamento cerebral.
O facto é que eu também não tenho amigos feios, porque a beleza conquista-se com a amizade, acho eu...
Haverão casos patológicos, é certo, mas a ausência de beleza manifesta-se nesse tipo de comentários, pois revelam a incapacidade de serem amigos, ou amantes, no geral. Ou seja, de gostarem de alguém verdadeiramente. Não falo de amor incondicional, há limites para tudo, e a liberdade de uns acaba onde começa a dos outros.
Conheci uma vez um gajo, tinha-lhe visto fotos, mas já se sabe, ao vivo é sempre diferente, mais para mim que tenho esta dificuldade em reconhecer rostos (quando vou a um sítio cheio de gente, rogo aos meus amigos que me esperem à porta da casa de banho... ou então correrei o risco de nunca mais os "encontrar"). Esse gajo, dizia, tinha um aspecto seguro e confiante que um rosto sério lhe confere (nas fotos), apenas, às vezes um sorriso que tinha mais de trocista que sincero, achei eu. Fui a medo, e quando o conheci revelou-se não só extremamente simpático, comohumilde, que é uma característica sem preço. E o motivo daquela expressão nas fotos manifestou-seno seu primeiro sorriso, que foi aquilo que se define como "dentes ralos". Ou seja, um delicioso afastamento entre os dentes da frente que, à prova de aparelhos e vaidades, lhe conferia uma simplicidade, e por conseguinte beleza, que as fotos não conseguiram. Adquire-se, a beleza, é um facto.
Outro exemplo: um gajo, esforçando-se ao máximo para demosntrar um excesso de testosterona, tinha a sua piada por aquela brutalidade, algo sincera, ao fim e ao cabo. E mais do que pelo aspecto físico (muito agradável, devo dizê-lo), adquiriu beleza pelas pestanas, carregadas e muito femininas que pareciam confirmar uma sensibilidade interior disfarçada por aquela máscara, típica dos primeiros encontros... mas, meus caros, desconfiem sempre das pessoas atraentes que sabem que o são: presunção e água benta... e a partir daí, aquelas pestanas pareceram-me tão ridículas como aquela joaninha do filme "a bug's life", máscula ao máximo, de voz grossa, mas, ao fim e ao cabo, uma joaninha.
Por conseguinte, todos os meus amigos são bonitos. Não os escolheria se não me suscitassem beleza, pois tal significaria que também não a tinham por dentro.
Como essas duas pessoas são por certo imensamente feias, acho que dispensaria conhecê-las ... teria de penalizar a minha retina cada vez que os visse ou estivesse com eles...por favor, que conversa por demais estéril ...
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