Senhor Daniel Day-Lewis porque é que faz tão poucos filmes?

É, sem qualquer dúvida, um dos maiores actores de sempre. Um dos meus eleitos desde que o vi há anos na soberba personagem interpretada em "O meu pé esquerdo". Notável, no mínimo!
Ficamos meses e até anos sem dele ouvir falar. Foi assim nos anos 80, nos anos 90 e nesta década em que vivemos. Durante tempos e tempos as revistas de cinema não falam dele, os jornais, a tv, as revistas de cusquices idem. Desaparece e dele ninguém sabe. Depois volta a surgir, não se sabe bem de onde, e mostra a todos, sem qualquer pretenciosismo, o que é representar.
Muito branco, cabelo muito negro, alto, magro, de rosto desenhado e marcado pelos os anos. Esta figura irlandesa, de ar aristocrata (quanto a mim um homem ainda muito bonito) de sotaque característico, em quase 30 anos participou apenas em 8 filmes. Mas participou de que maneira! Surge (dizem que a muito custo, quase arrastado por argumentistas, produtores e realizadores), encarna uma personagem na perfeição, recebe os maiores elogios, ganha inumeros prémios e volta a desaparecer por mais uns tempos longos.
Daniel Day-Lewis tem tantas dúvidas em relação ao que faz, diz. Dúvidas sobre a sua profissão em geral, embora idolatre Brando, De Niro, Spencer Tracy. Dúvidas que o fazem afastar-se.
Antes de mais uma excelente interpretação em Gangs de Nova Iorque (filme que vale por este homem), passou mais de 5 anos como aprendiz de sapateiro em Florença. O que leva um actor tão consagrado e premiado a largar tudo e enclausurar-se numa sapataria como aprendiz? Voltou, representou e escondeu-se novamente e novamente com uma mala cheia de prémios.
Agora, anos depois, regressa e a sua prestação em There will be blood já lhe rendeu mais um punhado de nomeações e prémios. Quem o conhece diz que entra de tal forma nas personagens que depois precisa de tempos para voltar a ser quem era. Muda a voz, o sotaque, os gestos, as expressões faciais... Outros acham-no louco. Muitos consideram-nos o maior actor vivo.
Já há quem diga que quando Day-Lewis resolve fazer um filme, os outros que se cuidem, é certo e sabido que estará nos Óscars. Pois, e cá está ele este ano, again as usual.
Há uma espécie de mito à volta deste senhor e quem está atento às lides cinematográficas sente-o. Mas a névoa de mistério que o rodeia dissipa-se para dar a ver um actor afável, simpático, com muito humor, embora intenso, que desconfia tanto dos rituais que rodeiam o cinema como do despropositado estrelato a que muitos se prestam.
"Quando tinha 12 anos, queria ser actor, porque para além disso não havia mais nada. No mundo sombrio em que vivia, isso era a hipótese de luz. Mas desde essa altura isso tem sido permanentemente questionado: o que é isto que fazemos? O que me leva a continuar talvez seja a memória dessa aparente certeza de infância".
Mr. Day-Lewis, tenha então sempre presente essa memória e muitas vezes, faça-me o favor.
Senhor Daniel Day-Lewis porque é que faz tão poucos filmes?








6 comentários:

Anónimo disse...

Isto é um Senhor! E este ano o oscars não lhe vai escapar...outra vez.

TheTalesMaker disse...

Sim, um excelente actor e concordo, tem algo de estranho e ao mesmo tempo bonito. Diria talvez, exótico?

Anónimo disse...

Conheço o actor, é muito jeitoso também ... de momento não sei precisar nenhum filme que tenha visto, onde ele tenha entrado. Sim, tenho a ideia dele como bom actor.

CarlaRamalho disse...

Eu tenho uma falha na minha cultura cinematográfica: nunca vi o «Meu Pé Esquerdo»! Mas dos filmes que vi com ele, também acho que é um belíssimo actor!

Anónimo disse...

Uma pergunta muito pertinente. Tb já tinha pensado nisso.
Este homem é daqueles actores de eleição e sim envolto num certo misticismo.

Anónimo disse...

Nota 10 para o Daniel. Torna especiais todos os filmes em que entra. Lembro-me do "Último dos Moicanos", "Meu pé esquerdo", "Em nome do pai" e "Idade da Inocência", além do "Gangs de Nova Iorque".
Se fizesse mais filmes seria o actor mais premiado de sempre, com certeza.