Despedidas...

Primeira grande decisão de 2008: Vender a casa. Custa-me, se custa. Nela vivi dos mais felizes e mais dolorosos momentos da minha vida. Já a amei, já a odiei profundamente. Já para ela corri, já dela fugi. Já a ansiei, já a evitei. Já a pontapeei, já a acarinhei. Nela está tanto guardado, entranhado, tanto foi sentido e vivido.
Ainda nem um ano faz que a ela voltei, que a redecorei, que lhe tendei dar uma "cara" nova e já a vou vender. Quase ninguém a viu como agora está e já a vou vender. Só há cerca de um ano que para ela olhei com olhos de quem vai começar uma "vida nova" e já a vou vender. Ainda não usufruí bem do novo look e já a vou vender.
Ao longo dos anos foi decorada e redecorada. Está tão linda, adoro-a. É a minha casa. Tive outras, tão ou mais importantes para mim, mas esta agora é a Minha Casa, o Meu Espaço, o Meu Canto, o Meu Cantinho Especial. Mas tem de ser, decidi vendê-la. Desta vez tem de ser. Dez anos depois do primeiro encontro, tem de ser.
Não faz sentido viver tão longe do local de trabalho. Não faz sentido fazer horas e horas de percurso diário (certamente por mais uns bons anos). Não faz sentido não viver mais perto das pessoas de quem mais gosto. O desgaste mental, o stress, os custos financeiros não justificam que com ela continue a partilhar a minha vida.
Mas só a ideia de fechar a porta de vez, para sempre, custa. Custa muito. Ver, nos imensos vidros da sala, o cartaz de venda, custa, é estranho, um papel ali a tapar, um papel horrível ali a mais. Um papel para onde o Bruno olha tempos a fio.
Será sempre a minha primeira casa! Sei que vou chorar. Já hoje, pisando este chão que conhece todas as solas dos meus sapatos, quase chorei.
Odeio despedidas, mesmo as de objectos (não me despedi convenientemente do carro e isso, estupidamente ou não, dá-me uma certa tristeza), odeio.
Dela sairei, daqui a semanas, meses ou mais. Dela se ocuparão outros. Mas o que eles não sabem é que ela vai comigo. Cada canto, cada cor, cada cheiro, cada marca, cada sorriso, cada lágrima... tudo o que a compõe vai comigo. E isso ninguém me tira.
E outro espaço, outra casa, outras paredes encontrarei, decorarei, sentirei como parte de mim. Até lá e depois, seja em 2008 ou não, tenho mais um tesourinho para guardar dentro de mim.

9 comentários:

Anónimo disse...

Meu Deus ... que cenário de HORROR ...GROTESCO. Mas já começaste a tratar do processo de venda? ou ainda está tudo muito pela ideia?

Eu hoje estou ... bem, nem eu sei já como estou ... sei que ainda não acredito bem naquilo que se está a passar nas escolas ... bem, se eu pudesse adivinhar o que o ensino me iria oferecer ...

TheTalesMaker disse...

Mas já é mesmo uma decisão tomada? E vais viver para onde? Não há a possibilidade de a ires mantendo? Não me digas que um dos meus actuais melhores amigos vai para longe, longe? Espero que isso não seja sinónimo de nos vermos menos vezes ou quase nunca. Espero que tudo se resolva e que enfim, o destino dite então o melhor para ti.

CarlaRamalho disse...

Eu entendo-te perfeitamente! Eu também me agarro muito aos objectos, aos locais... percebo-te perfeitamente! Mas acho que também temos que ser práticos e racionais e acho que estás a agir correctamente. Hás-de arranjar outro espaço onde também vais construir muita coisa bonita e importante...

Beijinhos

Anónimo disse...

Vem viver para o pé de mim :)

Anónimo disse...

Se eu pudesse comprava a tua casa. Está lindaaaaa.

TheTalesMaker disse...

Quando a venderes, avisa-me para eu passar pela tua ainda actual rua e ir te buscar uma última vez ao portão, onde no início, eu me perdi umas quantas vezes até decorar correctamente o caminho. Ai este meu sentido de orientação. A última vez que por aí estive foi quando fomos levar o Yorick ao X, não foi?
Abraço
:)

paulo disse...

Compreendo bem a tua ligação ao espaço, sobretudo, porque é teu, mas também porque está tão, mas tão personalizado que é impossível alguém conseguir reproduzir na íntegra: nada se repete (mesmo que haja alguém a tentar fazê-lo). E depois pensa que poderás inovar muito mais e criar outras raízes no novo espaço.
Um abraço

ψ Psimento ψ disse...

Pois compreendo a nostalgia mas, acho que não devias ver a casa como o espaço físico mas sim como o que lá se passou e o que lá viveste. Essas memorias assim criadas ninguém te tira... São tuas, vás para onde fores e isso sim é a tua casa, é o que ela representa, o resto é físico, não está vivo e por isso podes replicar e os outros podem copiar como já percebeste. As memorias não. São só tuas, e lá está, essas levas contigo com a importância que só tu sabes para onde queres que vás e depois podes reconstruir a tua casa física e acrescentar muito mais á tua casa interior :)
Abraço

Anónimo disse...

Vais vender uma casa q te deu tanto trabalho a decorar? Foi há tão pouco tempo que a decoraste...
Mas por outro lado entendo tendo em conta que estás tão longe do trabalho.
A casa nova há-de ser ainda mais espectacular, de certeza.
Força e não fiques triste.