Heath

Hoje, no barco, abri um jornal e senti-me triste, estranhamente, muito triste. Alguém havia morrido. Alguém que só conhecia do cinema e de uma ou outro entrevista. Alguém que teve das interpretações que mais me marcaram. Alguém que, pela sua postura, forma de falar, voz grave e colocada, pelas opiniões, desde há tempos me fascinou.
Heath Ledger, de 28 anos, vencedor de vários prémios de interpretação e nomeado para um Óscar pelo seu notável desempenho em O Segredo de Brokeback Mountain, de Ang Lee, foi encontrado morto ontem no seu apartamento de Nova Iorque.
O corpo do actor foi descoberto pela governanta que bateu à porta do quarto de Heath para o avisar que a massagista havia chegado. Quando ninguém respondeu, as duas mulheres abriram a porta e depararam com o jovem morto.
A polícia nova-iorquina disse aos media não haver suspeitas de crime. Foi encontrado um frasco de comprimidos para dormir junto do corpo do actor.
Ledger havia-se separado no ano passado da sua mulher, a actriz Michelle Williams, que conheceu aquando das gravações de O Segredo de Brokeback Mountain, onde interpretou também o papel de sua mulher. O casal tinha uma filha, Matilda Rose, de dois anos. Mãe e filha tinham-se mudado para Los Angeles. O actor estaria agora a namorar com a modelo e actriz australiana Gemma Ward.
Nascido na Austrália, Heath Ledger estudou representação no liceu contra vontade, porque era a única alternativa a culinária. Nunca quis ser actor. Mas tomou-lhe o gosto e fez o primeiro filme, em 1997. Mudou-se para os EUA e começou a ser notado pela sua capacidade interpretativa. Em pouco tempo começou a ser apontado como um futuro grande senhor da representação.
Heath Ledger, sempre muito reservado, não queria ser visto como um jovem galã, uma estrela mediática, mas sim como um actor sério e empenhado no seu ofício.
Numa entrevista recente, Heath Ledger declarou: "Sinto que estou a desperdiçar tempo se me repito. Não posso dizer que me orgulho do meu trabalho. É o mesmo com tudo o que faço: o dia em que eu disser 'ficou bom', é o dia em que começarei a fazer uma coisa diferente". Talvez nunca o tenha dito e agora já não o dirá.
Em breve estreia o novo filme da saga Batman, onde Heath interpreta o papel de Joker. Em breve estreia um filme de homenagem a Bob Dylan, onde Heath representa o próprio. Será estranho, muito estranho ver no grande ecrã um jovem que já não se encontra entre nós. Alguém que tanto me fez rir no filme Os Irmãos Grimm, alguém que me causou apertos no peito e tantas lágrimas no Brokeback Mountain. Um homem que, nas poucas entrevistas em que o vi, além de algo nervoso e tímido, muitas vezes me pareceu acompanhado de uma certa tristeza.
Goodbye Heath.







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8 comentários:

Anónimo disse...

Muito triste, muito triste mesmo.
Uma pena, um rapaz tão novo e com tanto talento.
Ele lá terá tido as suas razões se é que as teve. Penso que muitas vezes as pessoas suicidam-se num acto de desespero que pode ser momentâneo, talvez tenha sido o caso. O limiar entre o dar o passo e não dá-lo é muito fino. Ele deu. Não se sabe porquê mas deu e isso é triste.

Anónimo disse...

Bem, não vale a pena grandes especulações sobre as causas da morte, porque também tudo poderão ser suposições ... a realidade é que morreu e já está, é assim.Vive-se e assim, sem mais nem menos, morre-se e fica-se com uma sensação de vazio, de estúpido abandono, fazem-me mil perguntas a nós próprios, aos outros, a alguém. Tu já sabes que desde a morte da minha prima tenho pensado muito, tenho pensado demasiado sobre o estarmos aqui, para quê? com que missão? qual é o sentido de tudo isto? qual a lógica de alguém morrer a meio de um percurso de sucesso? qual o sentido de algo ficar inacabado?
É por estas e por outras que sinto uma urgência enorme em viver cada vez mais o momento, o tirar o máximo partido do que é possível já e agora ... sempre o futuro e o futuro, que não preenche, tantas e tantas vezes sem ocorrer, tantas e tantas promessas por cumprir ... e os dias a passar e os dias a passar e a morte mais e mais perto ... não há tempo a perder com nada, não há tempo para adiar o inadiável ... há que viver hoje e agora e já.
De facto simpatizo com esta figura cinematográfica, parecia-me alguém ainda genuíno e não corrompido pela artificialidade do tal estrelato ... mas pronto, morreu e ...é assim ...

Gosto da tua homenagem dedicada a este actor, que naquele filme que já sabemos, contribuiu para quebrar algum estereótipo que ainda possa existir em algumas cabecinhas insanas ...

MJ disse...

Eu ainda não acredito. Desde o filme 10 things I hate about you que gosto imenso dele. Estou mesmo triste. :( Boa homenagem que fizeste! Também lhe dediquei um post!Bjinhs*

CarlaRamalho disse...

É uma pena... lamentável um fim assim!

paulo disse...

Nem me quero lembrar das lágrimas que me provocou o Ennis del Mar, não quero mesmo ir por aí...

Anónimo disse...

Não sei se vais gostar deste comentário ou se o achas algo macabro mas acho o Ledger parecido contigo. Quando te conheci achei logo isso.
Desculpa mas tinha q dizer isto. Mas claro que nada deste acontecimento terrivel tem associação contigo. É só a parecença física.

Anónimo disse...

Muito triste.
Que descance em paz.

Anónimo disse...

Acabei de ver o filme que o levou a ser nomeado para o Oscar.
No decorrer do mesmo lembrei-me da já sua ausência e apercebi-me que ele tinha a minha idade.
Não consegui deixar de sentir uma certa tristeza.