A moça sempre me fez uma certa impressão, diria. E, ao mesmo tempo, sempre exerceu em mim um certo fascínio. Vi-a, pela primeira vez no filme "Cabo do Medo", ao lado de grande "monstros" do cinema mundial, como Robert deNiro, Nick Nolte e Jessica Lange. Era ainda miúdita e saiu-se de tal forma bem que logo foi nomeada para melhor actriz secundária no Oscars (se é que isso significa assim tanto), bem como para outros importantes prémios de representação. A sua personagem de jovem perturbada e fascinada por um homem mentalmente descompensado, maquiavélico, vingativo e cruel, contribuiu, em muito, para toda a intensidade do filme. Juliette Lewies era o seu nome e a crítica era unânime em considerá-la uma grande, grande promessa.
Já mais crescidinha, voltei a vê-la e a admirá-la num dos mais polémicos filmes de sempre: "Assassinos Natos". A cena em que, presa, desata a correr em direcção a uma porta onde bate, violentamente, com a cabeça, deixando o sangue a correr no vidro é extraordinaria. Um filme sobre um casal que, por vários motivos, mata quase todos os que lhe aparece à frente. Frio, cru, rude, kitsh, arrojado, doentio...
A novinha, magrinha, estranha, diferente Lewies tinha vindo para ficar e muito dela se falava. "Aquela miúda estranha que é muito boa actriz", dizia-se.
Mas não ficou. Talvez por não ter a beleza clássica promovida em Hollywood, talvez por ser uma "outsider", talvez por ter enveredado por caminhos menos "industrialmente" aceites, talvez por não querer aceitar o destino que o mundo cinematográfico lhe traçava, talvez por ser conotada como (meio) louca, Juliette desapareceu.
Desapareceu das salas de cinema mas criou uma banda: Juliette and The Licks. Banda com uma sonoridade pop/rock agressiva, alternativa, meio eloquente, meio delinquente. Uma sonoridade que se enquadra perfeitamente nos filmes onde Lewies deu cartas, nas personagens que interpretou. A música que faz poderia muito bem ser a banda sonora das cenas em que o "grande ecrã" a mostrou.
"Got love to kill" é uma amostra de um álbum muito ao género "80's garage band". O tema faz-se acompanhar de um vídeo que, segundo consta, foi gravado quase sem meios por falta de dinheiro da banda.
Vários críticos consideram o álbum excelente, outros um autêntico lixo. O vídeo, esse, já foi considerado o pior vídeo de sempre. Eu, confesso, acho-lhe muita, muita piada. Trashy, depressive, crasy, stupid, ironic, funny, kitsh, blasé...
(Got love to kill - Juliette and The Licks)
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7 comentários:
Eu adoro esta gaja maluca. A graça é o clip ser mesmo muito mau.
A interpretação dela no Cabo do Medo é fabulosa. A cena dela com o De Niro é qq coisa.
Ehhhhh pois é, agora é que estou a associar, bem que eu sabia que a cara não me era estranha. É aquela acrtiz é. E eu adorei esses dois filmes mas como uma vez vi a banda já muito tempo depois de ter visto os filmes, nem associei que seria a mesma pessoa.
Parece mesmo uma banda de garagem mas a música está fixe, eu acho. O ar dela é que enfim, parece uma p***.
Pois, quem é viva sempre (re)aparece.
Não conhecia o video. Adorei!!
Gostei tanto da música como do vídeo. Fez-me lembrar as músicas dos anos 80, em que os vídeos eram feitos em garagens ou coisa parecida e tinham aqueles efeitos especiais muito à frente, para a época!
Beijinhos!
É estranha é, tal como as personagens são. Mas gosto da música, dá pica. Very nice.
Gostei da música e do vídeo ... acho que não a conhecia, pleo menos que me lembre ... de facto é muito anos 80
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