A simple conversation.

C - Olá!
J - Como está a miss?
C - Tenho uma amiga que está apaixonada por ti!!
J - Desculpa?
C - Viu as tuas fotos no hi5.
J – Por amor de Deus! Estou farto de gente apaixonada por mim. lol
C – Viu e gostou do que viu.
J – Oh, que parvinha! Não quero ninguém apaixonado, ora essa!
C - lol
J – Mas pronto, claro que gostou, então eu sou maravilhoso! lol
C - lol
J - Mas diz-lhe q só tenho sexo com ela se ela me der um filho. lol
C - Ela está aqui a dizer que concorda, mas têm de partilhar a criança. Se não quiseres partilhar a criança...eu posso ser a tua barriga de aluguer. Tens é que arranjar o material! eheh
J – Olha, que não digas essas coisas porque o meu maior sonho é ter um filho.
Uma amiga minha lésbica quer ser mãe e então fez uma lista dos possíveis candidatos e adivinha quem ela escolheu?
C - Tu!
J – Pois, imagina! E eu raramente a vejo. Mas ela achou que sim. Quer mesmo que seja eu.
C - E que vais fazer?
J - Fui apanhado de surpresa. Emocionei-me e tudo, mas não aceitei.
Porque ela quer a guarda total da criança. Diz que eu sou a pessoa ideal para ser o pai da criança mas que a guarda total seria dela. Eu posso vê-la quando quiser, claro, mas a educação e tudo o resto será por conta dela. Eu não terei quaisquer direitos. E assim, não quero. Eu quero um filho, não o produto do meu esperma.
C - E se tivesses a hipótese de uma barriga de aluguer?
J - Estás a gozar? Claro q aceitava.
C – A sério?
J – Claro que aceitava.
C - E como é que esse processo funciona? Sabes?
J – Acredita, o meu maior sonho sempre foi ter um filho. Já sofri muito com isso.
C – Mas é legal?
J – Não sei, não faço a mínima ideia, mas acho que nem é possível em Portugal, não sei.
Gostava de adoptar uma criança mas também já sei que não dá. Teoricamente daria, mas na prática não dá. Se nem os casais conseguem, só problemas, só burocracias, quanto mais um homem solteiro!
Sinceramente não sei se é legal em Portugal. :( Vocês gajas não sabem a sorte que têm. Mesmo que não queiram ter filhos, pelo menos têm essa possibilidade.
C - Sabes que outro dia falei nessa questão da barriga de aluguer, e disse que não me importava de o fazer por alguém em quem confiasse mesmo, alguém próximo...
J - Estás a falar a sério? Tu... nunca pensei.
C - Estou... falei nisso com o meu marido e com a minha mãe.
J - Aliás, eu sempre pensei que qualquer mulher nunca o faria, só mesmo em último caso, por questões financeiras, etc...
Mas espera lá, porque sentes isso? Não queres ter filhos teus?
C – Quero ter filhos meus, sim. Se o fizesse não era por dinheiro mas por haver cada vez mais gente com dificuldade em engravidar, há que pensar noutras hipóteses.
Eu não sei se posso ter filhos ou se tenho que adoptar e penso no que será a frustração para aqueles que querem e nunca hão-de conseguir, como é o teu caso. Acho que darias um bom pai. :) E além disso ser barriga de aluguer, não é ser mãe.
J - Eu também acho que sim, que daria um bom pai. É engraçado pensares assim, tu de facto estás mesmo muito à frente! lol
Acho que é num episódio do Nip/Tuck ou da Ally McBeal que há um caso assim. Uma fulana nova que tem filhos mas que resolve ser barriga de aluguer e nem é pelo dinheiro porque ela é rica. Era exactamente pelos motivos que tu apresentas.
C – Eu penso desta maneira.
J – E que dizem o teu marido e a tua mãe? Caíram para o lado não?
C – Não. A minha mãe é que perguntou se eu não considerava a criança um filho.
J - Sabes qual é o problema? É que depois as chamadas barrigas de aluguer podem chegar à hora H e já não quererem entregar o filho.
C - Mas os óvulos não são de uma segunda mulher?
J – Sim, o conceito é esse, sim. Óvulos de uma segunda mulher. E não sei se isso existe em Portugal.
C – Então...o filho não é de quem faz de barriga de aluguer.
J – Pois, entendo o teu ponto de vista.
C – É de terceiros.
J – Sabes, acho isso muito bonito da tua parte, muito bonito. Não há muita gente a pensar assim. Mas, infelizmente, acho que isso não funciona em Portugal. :( Penso que a única hipótese é a mulher engravidar e depois então quando o bebé nasce entregá-lo a quem quiser, neste caso à outra pessoa, o pai.
C – Eu digo-te uma coisa... depois de eu ter um filho (porque não deve dar para mais), eu era capaz de pensar muito a sério numa situação dessas... por ti, por exemplo.
J – A sério? Mesmo? Estás mesmo a falar a sério? Se tu soubesses como me sinto agora mesmo neste momento.
C - Olha... eu nunca fui mãe.
J – Pois, quando fores é muito provável que vejas as coisas de outra forma.
C – Não sei qual a sensação de ter um bebé nos braços e senti-lo a crescer cá dentro.
J – Pois, e isso deve mudar tudo.
C - Mas, neste momento, penso assim.
J – Porque dizes que não deve dar para teres mais do que um filho?
C - Money, money, money!!
J – Pois, sempre a mesma cena.
C – Um filho é um grande investimento.
J - Claro que é... a todos os níveis.
C – E eu não quero passar o resto da minha vida a trabalhar só para a filharada!
J - É talvez a maior responsabilidade de um ser humano.
C – Sim, para além disso.
J – E andas a pensar engravidar?
C – Sim, lá para o fim do ano. Depois de ser mãe, voltamos a ter esta conversa. Pode ser?
J – Claro que pode. E acredita, não me deixaste com esperanças de nada porque já há muito que perdi a esperança de ter um filho. Mas deixaste-me muito feliz, feliz por saber que há pessoas que veem as coisas assim. Feliz por saber que alguém faria tal coisa por mim. A sério, já para aqui chorei e tudo.
Diz a essa tua colega que está apaixonada por um homem chorão.
C - Acredita q é sincero... não te sei explicar bem o porquê, mas acho mesmo que faria isso por ti...até porque haverá pessoas com quem tenho mais convivência diária...
J – Sim, eu sei.
C - Mas acho que tu és sincero, genuíno e darias um bom pai!
J - Faria tudo por isso.
C - :) Tenho a certeza.
J – Porra... bem, estou aqui num estado.
C – Opá...não chores mais, por favor.
J – A sério, não consigo parar as lágrimas. Sou mesmo maricas. lol
C – lol Não és nada.
J – Por amor de Deus, quem é o homem que chora por uma coisa destas?
C - É estranho ter este tipo de conversas pelo messenger... mas se fosse cara a cara, eu diria o mesmo.
J – Ainda bem que é no messenger porque senão estava agora eu aí, com quase 2 metros e uma barba cerrada, lavado em lágrimas.
Obrigado, eu sei que dirias. :)
C - É engraçado como esta conversa surgiu agora, pouco tempo depois de eu estar a falar disto em casa.
J - Pois é. A vida tem destas coisas.
C - Bom... tenho de ir acabar ainda umas coisas. Recompõe-te!! Jinhos grandes.
J - Ok, vou continuar aqui a fazer um teste para os putos. Jokas, miúda.
C - :)
J - :)

8 comentários:

Anónimo disse...

Não sabia deste sonho teu... De certeza que darás um óptimo pai. Um dia talvez as coisas mudem em Portugal.
Eu acho que não era capaz de dar uma criança gerada dentro de mim mas acredito e admiro muito quem o consegue aparte da questão financeira. E nunca tinha pensado nesse ponto de vista da "C". Dá que pensar.
Não percas a esperança, talvez consigas um dia. Será uma criança muito feliz, tenho a certeza.
Um beijinho meu lindo.

Anónimo disse...

Não tenho esse sonho, confesso. Mas deve ser doloroso ver os anos a passar e não poder concretiza-lo, doloroso saber de tantas crianças a precisar de amor, de carinho, de uma casa e querer e não poder ter uma para lhe dar dedicação e felicidade.

Anónimo disse...

Também gostava de ser pai mas sei que neste país só talvez em velho, daqui a muitos anos... daí que é um sonho que coloco um pouco de parte.

Tens muita sorte em ter pelo menos duas pessoas que já se mostraram interessadas em dar-te um filho. No primeiro caso eu também recusaria mas no segundo aceitava também sem dúvidas.

Uma criança não precisa necessariamente de um pai e de uma mãe. Pode tornar-se um óptimo ser humano adulto e feliz criado apenas por um deles. Há péssimas mães, péssimos pais, mas também há óptimas mães e óptimos pais.

E não será isso bem melhor do que viverem como muitas vivem? De certeza absoluta.

Anónimo disse...

Cada vez que vejo reportagens de crianças em orfanatos, de ciranças a morrer de fome, de crianças a viver na rua, sinto uma revolta muito grande e penso na quantidade de pessoas que gostariam de ter uma delas e não podem pelas burocracias, leis e pela estupidez da sociedade.

Já é tempo das pessoas acordarem e deixarem-se de preconceitos. Há homens que dariam excelentes pais.

Talvez daqui a décadas, infelizmente.

Anónimo disse...

Tu surpreendes-me a cada dia. Não sabia desse teu desejo, pensei ser raro, apenas comum nos casais ditos comuns, que a sociedade considera "normais".

É também um dos meus maiores desejos, sempre foi. imagino-me muitas vezes no papel de pai.
Infelizmente é a sociedade que temos, uma sociedade de preconceitos que muitas vezes se preocupa com tudo menos com o real interesse da criança. Essa sim, deve vir em primeiro lugar e não é fechada anos e anos num orfanato que esse respeito é concretizavel.

Considero uma perfeita estupidez aquilo que a legislação portuguesa define como período de adaptação da criança ao novo lar e familia. Então um casal biológico se não se adaptar logo ao filho e vice-versa, faz o quê? Manda-o para trás?

As crianças são fortes, as crianças adaptam-se, mais cedo ou mais tarde, têm as suas defesas e estratégias. Ainda mais crianças que já sofreram muito por falta de amor de alguém que a elas se dedique.

Como é que a "C" tem a coragem de dar um filho? Que sensibilidade é a sua? Não se trata de coragem, trata-se de amor e ajuda. Não se trata de falta de sensibilidade, muito pelo contrário, demostra uma enorme.

A "C" tem toda a razão quando diz que geraria uma criança mas que essa não seria sua filha. E mesmo que o óvulo fosse seu, não seria sua filha, porque pais são aqueles que educam, que dão amor, que criam, que estão lá todos os dias, não aqueles de onde a criança veio.

Grande "C" e grande "J". Parabéns aos dois. Gostei muito do que li. Faz-me perceber que ainda há pessoas com cabeça e que a usam para pensar. Pena não haver mais pessoas assim. O mundo seria um local bem melhor e muitas lições o ser humano aprenderia.

Para a "C":
Diz à tua amiga apaixonada pelo "J" pelas fotos que viu, que então se o conhecesse mesmo...

Anónimo disse...

Para o Pedro:

Uma criança gerada dentro de mim, em que o óvulo é meu será, certamente, minha filha, e neste caso não seria capaz de pensar, sequer, numa situação desta natureza.

É uma situação diferente de a partir de um óvulo, que não é meu, e de um espermatozóide, que não é do meu marido, permitir que uma criança seja gerada dentro de mim. A questão biológica da não pertença fica, em mim, totalmente resolvida, ou seja, biologicamente aquela criança não me pertence, não tem os meus genes, o meu ADN. A partir daqui, "resta" (o que não é pouco) gerir a questão emocional ... e essa dependerá de muitos factores.

Assinado: "C"

peter_pina disse...

se é um sonho teu axo mesmo k deves fazer de tudo para o realizares....

eu nao partilho do mesmo sonho mas admiro kem o tem e sobretudo kem o consegue realizar!

Anónimo disse...

Para a "C":

Ainda bem que respondeste. Digo isto porque fiquei a pensar no post e no que escrevi e muito concretamente nesta questão do óvulo. ser da pessoa que gera o bebé. Sim, é diferente, concordo. A pessoa não será apenas a "barriga" mas a mãe e aí, claro, será muito difícil entregar o bebé, mesmo que a uma pessoa em quem depositemos total confiança para a criar.

Eu conheço o "J" (se ele for o autor deste bolg) há relativamente pouco tempo mas creio que seria um excelente pai. Sinto isso, sem dúvidas. Por isso entendo o diálogo que tiveram.

Entendo perfeitamente o teu ponto de vista e continuo a parabenizar-te porque penso que uma pessoa que pensa numa situação destas, da forma como pensas, se conseguir gerir a questão emocional (no caso da criança não ter o adn seu), mesmo que nunca o concretize, tem a minha admiração.

Felicidades