Rain
Há anos e anos que não usa chapéu-de-chuva. Começou por não usar porque os perdia em todo o lado. Fartou-se e deixou de comprar tal objecto. O último que comprou foi há quase 2 anos quando foi passar uns dias a Londres. Londres - chuva - dito objecto. Uma questão de lógica, pronto. Mas claro, mal chegou, ainda antes de sair do aeroporto, já não o tinha. Uma ventania imensa, quando esperavam pelo autocarro, destruiu a coisa. Lixo e pronto. "Porque é que continuo a insistir?" pensou.
Ainda por cima tinha-se habituado a andar à chuva. A chuva já tinha sido sua amiga, aliada, confidente. Já se tinha misturado com as suas lágrimas de tristeza e alegria. Tinha sido ouvinte das suas melodias assobiadas, sussurradas ou cantadas em alta voz. Adorava cantar à chuva, andar calmamente à chuva, dançar à chuva. Há anos que era assim. Tinha tantas histórias com esta sua companheira. Talvez as mais belas, até.
Enquanto os outros corriam em busca de um abrigo, enquanto outros colocavam sacos, malas, casacos por cima da cabeça, enquanto uns abriam o chapéu aos primeiros pingos, ele pensava "Aí vem ela!". Raramente corria. Muitas vezes continuava a caminhar normalmente, outras vezes abria os braços e olhava para cima de olhos fechados. "Rain, feel it on my finger tips, hear it on my window pane, your love's coming down like rain, wash away my sorrow, take away my pain, your love's coming down like rain". Era a música que mais vezes o acompanhava nestas ocasiões. Madonna, claro.
Já tinha ouvido de tudo. "Corre, despacha-te, está a chover", "deixa-te de parvoíces, sai da chuva", "Lá está ele com a chuva, não é pachorra para lirismos, entra no carro." Ele não se importava. "As pessoas são tão parvas! Até parece que a chuva é uma praga", pensava. Gostava tanto de estar em casa a ouvir e a ver a chuva a cair, quanto de estar na rua, mais perto dela.
Ultimamente, aparte as estranhas vicicitudes climatéricas já tão pouco características, não tem chovido, afinal, o solstício de Junho já nos abriu as portas para o Verão. Já o anticiclone dos Açores nos impede de sentir as gotas de água caídas dos céus. Não se importa. A chuva há-de voltar e também gosta do Verão, dos dias de calor e sol. Afinal, foi no Verão que nasceu e histórias com o sol também as tem. Outro amigo, talvez.
Nada tinha contra chapéus-de-chuva. Simplesmente não os usava. Eram-lhe desnecessários. Há uns dias recordou um chapéu-de-chuva. Depois uma amiga falou-lhe de uma música de uma cantora, da qual não gosta, e lá ouviu. Ficou curioso. "Umbrella". Ouviu e até gostou. "Sou tão preconceituoso", pensou. Gostou da música e da letra. Depois da recordação e da música, uma imagem que conhecia bem. E apeteceu-lhe escrever isto e colocá-las aqui. A letra da música e a imagem.
When the sun shines
We’ll shine together
Told you I'll be here forever
That I'll always be your friend
Took an oath
I' mma stick it out 'till the end
Now that it's raining more than ever
Know that we still have each other
You can stand under my Umbrella
These fancy things,
will never come in between
You're part of my entity
Here for Infinity
When the war has took it's part
When the world has dealt it's cards
If the hand is hard
Together we'll mend your heart
Because ...
You can run into my Arms
It's okay don't be alarmed
(Come into Me)
(There's no distance in between our love)
So gonna let the rain pour
I'll be all you need and more
Because ...
It's raining (raining)
Ooo baby it's raining
baby come into me
Come into me
It's raining (raining)
Ooo baby it's raining
You can always come into me
Come into me......
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5 comentários:
Não sabia desta tua mania de não usar guarda chuva e deste teu gosto pela chuva. Engraçado porque eu sou das que foge dela a sete pés. Ai as gripes e constipações...
Tu pegas em cada coisa para fazer um texto. lol
Adorei ler.
Adoro esta música. Já a tenho!
Essa Rhianna é tão irritante, detesto a voz dela mas já me tinham dito que a música é gira. Pela letra parece que sim. Vou ouvir.
O texto excelente como sempre. Imaginei um filme com imagens bonitas de ti na chuva a barimbares-te para os outros.
eheheh eu sabia que ias gostar da musica. Quem é amiga quem é? ehehehh
Escusavas era de pegar nela e fazer logo um post. Tu és mesmo. Encontras ligações e beleza em tudo não é, gajo? Ai cabecinha pensadora.
Beijinho
Como sabes, eu não gosto da maioria da música que os americanos exportam e muito menos deste genero hip hop. Este tipo de meninas muito em voga não só não me dizem nada como não as aguento.
Vi há dias o clip dessa música que apresentas e, honestamente, não gostei do género, apesar de considerar a letra muito bonita, o som é que não me diz nada e a rapariga tem um aspecto que deixa muito a desejar.
Sempre me fascinei pela chuva, mas admito que sempre usei umbrella, simplesmente já não vou olhar para ele da mesma forma. :)
A imagem de ti à chuva, a olhar o céu, com a chuva a cair-te no rosto com o Rain da Madonna na tua mente é algo do tipo videoclip, excerto de filme, mas acima de tudo uma imagem que me fez tremer e sorrir.
Agora cada vez que pegar no meu umbrella de quem é que me vou lembrar e como é que vou lembrar?
Gosto muito da ideia da protecção de um umbrella, um umbrella aberto para proteger e confortar o outro sempre que ele quiser.
Gosto do antagonismo do post. Por um lado não usares umbrella e por outro usá-lo para proteger alguém especial.
Talvez seja um umbrella imaginário que protegendo, deixa cair as gotas de água no rosto.
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