Este lobo não é mau, não senhor.




“Não sei bem quem sou, mas isso interessa? Angustia-me mas também adoro a ideia de acordar com vontade de morrer e, à hora de almoço já estar a explodir de alegria por uma coisa qualquer. Logo a seguir entrar em depressão e deitar-me a chorar. É assim que vivo, é isso que escrevo, é isso que é a minha música.”


Tem 23 anos e já fez o que fez. 3 álbuns notáveis (do primeiro, "Lycanthropy" ainda só consegui ouvir 2 faixas mas, tendo em conta o que ouvi, não acredito que seja abaixo desse adjectivo). Os dois outros ("Wind in the wires" e "The Magic Position") não consigo parar de ouvir. A cada momento se descobre uma nova cor numa paleta que não parece ter fim. É pop, é electro, é elastic, é romântico, é cru, é cruel, é frio, é quente, é tanto de tanto ali condensado. Ouço e quero mais.
Patrick Wolf, para muitos um absoluto desconhecido (tal como para mim até há pouco tempo), para outros já faz parte do top de escolhas. Agrada sobremaneira aos ditos ouvidos alternativos e agrada aos que preferem o divulgado comercial. A crítica tece-lhe os maiores elogios possíveis, outros cantores o fazem também. Mika, o menino que agora todos ouvem, considera-o um génio e Madonna já disse que está de olho nele. Eu, cada vez mais.
O Irlandês, ou Inglês (cada artigo lido garante a proveniência do cantor) deu no mês passado um concerto no Lux. Quase me mordo por não ter ido. Não fui porque não sabia. Que ódio! Mas foi o primeiro de dois concertos em Portugal, em promoção do novo "The Magic Position". No Verão estará no Festival Sudoeste. Aí vou nem que a vaca tussa. Ele e Mika no mesmo dia? Vou e vou, oh se vou.
Apesar de ser ainda um outsider nos tops de vendas internacionais (onde predominam e já não se aguentam as Shakiras, as Belhoncés e as parvinhas Furtadas. A sério, já me metem raiva!), à excepção do Reino Unido e seu país natal, o moço caminha para o estrelato. Se faz por isso ou não, só ele saberá. Não interessa! Ele merece que o conheçam, que o ouçam, que o vejam e, acima de tudo, que o sintam.
A voz é marcante, as letras são marcantes, as melodias são marcantes, os arranjos são marcantes, a figura é marcante. O visual é londrino, um londrino punk, pop com misturas, por vezes, de uma aristocracia de outras épocas. Já lhe chamaram o Jean Paul Gaultier da música. Seja Gaultier, seja Galliano, seja Westwood ou uma mistura dos 3, não se fica indiferente ao look do rapaz. Extravagante, algo infantil e, ao mesmo tempo, libidinoso. Androginia, acima de tudo, e com tudo o que ela pode contemplar.
À chegada a Portugal, Wolf não se atrapalhou com o facto de o aeroporto lhe ter perdido as malas e dirigiu-se à loja “Pinkie” (loja de roupas ditas para miúdas adolescentes) para comprar a vestimenta a usar em palco. Isto leva-nos a referiar a sexualidade do moço (já também tão questionada nas parangonas dos media) e, relativamente isso, Wolf diz: “Aren’t gay people supposed to be gay (happy). Well, I’m too depressed to be gay, then. In the same way, i don’t know if my sixth album is going to be a death-metal record or children’s pop, i don’t know whether i’m destined to live my life with a horse, a woman or a man. It makes life easier." E, de facto, isso importa? É para criar dúvidas? É para que se fale dele? Não importa. Porquê perder tempo com isso?!
Vamos ao que, efectivamente, interessa.
Quando ouvi e vi, pela primeira vez, o “menino com voz de adulto” no vídeo que dá título ao mais recente álbum, vi logo que havia ali qualidade, muita qualidade. Mas quantos não conseguem só um tema excelente e depois, ao ouvir-se o resto da obra, se fica a pensar: “Porquê?” Não foi o caso. Apaixonei-me pelo “Magpie”, sem saber que é para ele o seu “pássaro preferido”, com o qual gosta de terminar os seus voos em palco. Simples, ele ao piano, com a bênção de Marianne Faithfull em fundo. A intensidade do tema é arrebatadora (já coloquei a letra aqui num post). O álbum é arrebatador, sem dúvida, unanimemente pela crítica considerado sério candidato ao melhor álbum do ano. E merece!
Cantamos, silenciamos, sussurramos, pulamos, batemos palmas, batemos pés, choramos, sorrimos e dançamos (como não dançar ao ouvir o genial "The Libertine" do segundo álbum? Há ali de tudo em 4.23 minutos).
Segundo o próprio, compôs já material suficiente para produzir mais dois álbuns. “Um deles será orquestral: extremamente bonito e uma celebração às neuroses e esgotamentos psicológicos. O outro será duro e tecno e quase que death metal." A coisa promete! Até lá, ouvirei a "posição" deste rapaz que é, sem dúvida, "mágica".

“Para mim dizer que ia desistir da música seria como dizer que ia cometer suicídio. É a coisa mais extrema que poderia acontecer na minha vida.”
Então que os extremos do lobo se fiquem pela música!

1 comentário:

Anónimo disse...

Afinal tens mm razão, o album é excelente. Penso em ti sempre q ouço um certo tema mas tens q adivinhar qual é.
Obrigado por me teres dado a conhecer o Wolf e obrigado por me terem dado a conhecer a ti.
Keep falling into you.