American Doll Tori


Já muito se disse, escreveu e pensou sobre Tori Amos. Grande crítica da sociedade americana, dificilmente se cala. Tem sempre algo a dizer, e ainda bem. Eu quero ouvi-la. Quero ouvir aquelas frases simples mas que tanto dizem e nos fazem pensar. Se há génios na música, ela faz parte da lista e com o nome escrito a "bold".
Eu considero-a um génio, ou melhor... génios. É das minhas compositoras preferidas. Ainda hoje me arrepio a ouvir vários temas, aquele piano, aquela voz, aquela raiva, tristeza, dor, melancolia que coabita com uma certa frieza. "Gold Dust" é o meu tema preferido. É de uma beleza indescritível. "Sights and sounds pull me back down another year, i wa..........s here, i was here." Que adjectivo se dá a alguém que compõe um tema assim?
Quem mais faz covers como ela? Quem consegue tornar suportável, até bonito, o "Can't get you out of my head" da Kylie Minogue?
Já aí está o novo álbum: "American Doll Posse". Ainda não ouvi. Um amigo, fã incondicional de miss Amos, atribui-lhe 9,85 pontos, numa escala de 0 a 10. A ver vou.
Segundo li é um álbum quase experimental, estranho, a rondar o esquizofrénico. Sim, Amos não se conforma e não se conforta. Onde esteve mais perto desse conforto talvez tenha sido no anterior "The Beekeeper" (quanto a mim o menos excelente dos seus trabalhos). Neste trabalho criou 5 diferentes personagens (daí considerá-la génios, mais do que génio), cada uma (com vida própria, com profissões, opiniões, personalidades, visuais particulares) canta uns quantos temas. Tori levou-o tão a sério que, cada uma delas, tem um site ou um blog a seu cargo. Neste álbum chega ao cúmulo de arranjar um dueto entre duas destas mulheres.
"Big Wheel", o single já disponível, é de loucos! Estranha-se e, ao mesmo tempo, é tão Tori. O video é fabuloso. A letra tem pérolas do género: "So, you are a superstar, get of the cross we need the wood".
Quem já ouviu diz que o álbum é uma autêntica provocação. Custa a entrar mas depois entra e entra muito bem. É para se ouvir lentamente, ir ouvindo, não para ouvir e descartar.
Muito tenho lido sobre o excesso de guitarradas a sobreporem-se ao piano. Excesso para uns, claro. Para outros o entendimento é bem diferente.
Quer seja soberbo, irritante, pouco audível, excessivo, barulhento, muito diferente... cá estarei para ouvir com toda a atenção que esta senhora me merece.
Se for mais do mesmo...então, viva, que seja. Será um prazer, certamente.

1 comentário:

pedro f. jorge disse...

Confesso que estava na dúvida acerca de investir o meu dinheiro no novo cd da Tori Amos, depois daquilo que foi para mim uma semi desilusão, the beekeeper. Neste album perdeu-se algo do que distinguia tori de outras compositoras/cantoras, que era precisamente um experimentalismo latente em todas as suas músicas, que longe de ser gratuito, complementava uma mensagem cheia de força, sempre opinativa mas dissimulada entre alusões e sinónimos que nem sempre a tornavam óbvia. Mas para ler o óbvio, abrimos o jornal. Esse fulgor criativo, na minha opinião, ficou um pouco desleixado, e eis que, segundo a crítica, Tori está de volta no seu esplendor. Não ouvi o cd, apenas duas músicas e o prazer auditivo retorna na letra e na música, presente nos outros trabalhos, mesmo quando estes eram de mais difícil digestão como em "boys for pele". Farei um favor ao Zé e a mim mesmo, e vou comprar o cd.