Porque

Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.

Sophia

5 comentários:

João Roque disse...

Entendo bem os teus motivos para a acertada escolha deste poema de Sophia.
Abraço.

Anónimo disse...

Lindo.

paulo disse...

é um dos poemas de que mais gosto quer da Sophia quer da literatura portuguesa. às vezes, cai que nem ouro sobre azul.

abraço

Anónimo disse...

Sophia de Mello Breyner certo? Muito bonito.

Felisberto disse...

a libertadora Sophia...bendita seja...um dos meus poemas preferidos dela.

(palavra da verificação de palavras: mater ;-))