Bent

Bent é uma peça de teatro de 1979 de Martin Sherman (com Ian McKellen na sua produção inicial no West End, em Londres, e Richard Gere, na produção da Broadway, em Nova Iorque, que seria em 1997 adaptada a cinema pelo realizador Sean Mathias). Trata-se da perseguição de homossexuais no Terceiro Reich, na Alemanha, pouco antes da 2ª Guerra Mundial.

Quando a peça estreou não havia praticamente nenhuma pesquisa académica nem informação pública sobre a perseguição aos homossexuais pelos Nazis nem da destruição do Institut für Sexualwissenschaft (Instituto para o Estudo da Sexualidade), em Berlim. De certa forma, a peça estimulou a pesquisa histórica sobre o assunto nos anos 80 e 90.
O título da peça e do filme, Bent, tem que ver com o termo do calão que, em alguns países da Europa, é utilizado para designar os homossexuais.

Max (interpretado por Clive Owen no filme), é um gay promíscuo dos anos 30 em Berlim, cujas relações com a sua família rica são difíceis devido à sua homossexualidade. Uma noite, para desgosto do seu namorado Rudy (Brian Webber), trouxe para casa um soldado das SA. Hitler tinha decidido acabar com a SA, que tinha a má fama de ter demasiada homossexualidade no seu seio. O soldado é descoberto e morto pelas SS no apartamento de Max e Rudy e os dois são obrigados a fugir de Berlim.
Freddie (Richard Gale na produção do West-End, George Hall na da Broadway e Ian McKellen no filme), o tio de Max, também gay, mas que vive uma vida mais discreta com prostitutos, consegue arranjar documentos de identificação falsos para Max, mas Max recusa-se a deixar o seu namorado. Max e Rudy são descobertos e presos pela Gestapo e colocados num comboio para o campo de concentração de Dachau. Pelo meio há o Mick Jagger como drag queen.
No comboio, Rudy é espancado até à morte pelos guardas e, enquanto grita por Max ao ser levado, Max é obrigado a penetrar uma rapariga morta para "provar" que não é homossexual. Max mente aos guardas, identificando-se como Judeu, julgando que as suas hipóteses de sobrevivência serão maiores se não tiver que usar o triângulo rosa indentificativo dos homossexuais nos campos de concentração.
Em Dachau, Max faz amizade com Horst...

Bent tenta mostrar, entre muitas outras coisas, como a homossexualidade existe em todas as classes da sociedade e como nem todos os homossexuais foram vítimas durante a guerra. Se muitos gays que eram pobres (como Horst) ou demasiado inocentes (como Rudy) acabaram nos campos de concentração, outros utilizaram o seu dinheiro (como o tio Freddie) ou o seu poder (como o comandante do campo de concentração e alguns oficiais alemães) para se manterem afastados de problemas.

Esta peça, adaptada ao cinema, foi a primeira obra de cultura popular a apresentar os gays como vítimas do Holocausto, e ajudou à pesquisa histórica e à realização de documentários retratando o destino dos homossexuais na Alemanha Nazi.

Vi o filme, por acaso, inicialmente sem grande atenção e interesse. Desconhecia a história, nunca tinha ouvido falar do mesmo, estava cansado de um dia intenso, sem vontade de olhar para um ecrã de tv e pensando ser mais um daqueles filmes de temática gay de qualidade duvidosa. A certa altura fiquei pregado ao ecrã e assim permaneci até ao fim.

Um retrato doloroso sobre o Holocausto e a homossexualidade, mas sobretudo sobre a união, o amor, o ser humano e a vida.
Há diálogos e cenas absolutamente extraordinários, de uma dor, tristeza e beleza imensas.
Entre outras, tem uma das mais marcantes cenas de amor (sexo, se se quiser) da história do cinema. Entre dois homens que não se tocam, que nem se olham.
Um filme incrível, por tudo e para todos, obrigatório.

"- We dont' have to miss it.
- We can't look at each other, we can't look.
- We can feel.
- What?
- Each other."

7 comentários:

João Roque disse...

Revi agora o filme, que já me tinha agradado bastante quando o vi pela primeira vez; há alguma diferença entre o filme e a peça, que já vi, aqui em Portugal, em duas ocasiões e encenações distinta, pois a versão cénica apenas quase só centraliza a acção na vivència do campo de concentração, enquanto no filme, todas as cenas anteriores a esse momento estão muito desenvolvidas e polenas de algum "kitsh", que até nem fica mal.
Abraço.

iLoveMyShoes disse...

Tive oportunidade de ver uma reposição da peça em Londres no ano passado interpretada por Alan Cumming... e foi arrepiante.

Anónimo disse...

Nunca tinha ouvido falar deste filme mas fiquei muito interessada em ver. Tens? Podias emprestar-se.
Esta cena que aqui mostras é arrepiante e ainda deve ser mais no contexto do filme.
Vem visitar-me e emprestar-me o filme, pode ser?

Beijinho

paulo disse...

nunca vi a peça, mas vi o filme, acho que num dos festivais. como bem ressalvas, é um filme sobre as relações humanas e a cena que destacas é fortíssima. comovente. incrível como a intercomunicação pode vencer o não contacto.

abraço

Anónimo disse...

Nunca tinhas visto o filme? Mas em que mundo é que tu vives rapaz?
O filme é lindo, lindo, lindo.

F disse...

Olá. Também já vi este filme há alguns anos num Festival, no Forum Lisboa. Adorei o filme e na altura mexeu bastante comigo.

Anónimo disse...

Prontxxx!

Fui eu o culpado!!!
Naquele sábado, levei vários filmes, mas não sei pq resolvemos ver este...
Talvez pq fosse com o Clive Owen!
No inicio do filme, nem estavamos muito interessados e depois de vermos o Mick Jagger, horrivel como homem e um Trol (Entenda-se bixinho feio LOL), vestido de gaja a andar num baloiço, pensámos logo que era mais um daqueles filmes péssimos da temática!!
Como estávamos enganados...
Com o desenrolar do filme, começou a cativar-nos e já quase no fim, quando começa a cena de "sexo", ficou tudo extasiado com a magnifica interpretação dos 2 actores. Acho k foi das cenas mais lindas de "sexo explícito" k vi! LOL
Para os heteros, isto deve equivaler á cena sem a minima importância da Sharon Stone a descruzar as pernas LOL LOL

Um filme que deveria ser visto por todos. Mesmo.

Luis Claudio :-)