Andava há meses e meses para ver. Quando dele vi o cartaz de apresentação achei tratar-se de um filme de terror e como gosto do género, chamou-me logo a atenção. Mas achei estranho um filme de terror estar em cartaz apenas em 2 ou 3 salas do país, daquelas salas onde estão os filmes, diria, mais alternativos, independentes, menos comerciais.
Vim a saber não ser propriamente um filme de terror, o trailer engana muito bem. Li o argumento, algumas críticas e formava-se a receita perfeita para ser obrigatório ver. E é, é absolutamente obrigatório!
"Bug" é o último filme de William Friedkin, realizador de "O Exorcista". É uma viagem intensa ao mundo da insanidade, da loucura humana, um filme quase experimentalista.
É uma obra não para ser vista por todas as mentes, não sendo de fácil visão e aceitação. A realidade, a ficção, a paranóia andam sempre ligadas num excelente filme com extraordinárias interpretações que retratam personagens muito complicadas.
O que de imediato salta à vista é a capacidade do realizador em dirigir os seus actores, e a forma como estes se entregam aos respectivos papéis, ao ponto de caminhar na ténue e perigosa linha que separa o drama do ridículo.
Não é um filme de terror, aqui esse é provocado ao nível psicológico, e está todo ele na mente dos seus protagonistas, espalhando-se entre as personagens como um vírus. "Bug" é também o relato desencantado da tristeza, da solidão, da dor, da perda, de uma certa América, onde uma mulher de mal com a vida após o desaparecimento do filho, as ameaças do ex-marido e o consumo de drogas encontra um veterano soldado da Guerra do Golfo, estranho e particularmente incomodado com insectos. A partir daí, a paranóia cresce até atingir extremos, mas o que permanece sempre é a relação entre duas almas carentes de afecto e de confiança.
O ambiente acompanha a progressão da demência, entre tonalidades e texturas sépia até à progressão cinzenta azulada do alumínio frio.
As interpretações, destacando-se as de Ashley Judd e de Michael Shannon, são notáveis num filme ...dificil, soberbo, por tudo obrigatório!
O limiar pode ser tão ténue...
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
3 comentários:
Gostava de ver
Eu vi, eu vi, eu vi. É fabuloso, incomodativo, louco, doentio e ao mm tempo mto humano. O limiar pode ser tão ténue mesmo.
Mais um para a lista.
Enviar um comentário