Lars and the real girl



Uma leve e, ao mesmo tempo, dolorosa e inspiradora história sobre a dor da solidão e a dor de a romper. É a sinceridade subjacente a “Lars and the Real Girl” que, mais do que o acreditar numa surreal situação, nos faz, de certo modo, torcer por ela.
Lars é um homem muito tímido de uma pequena cidade americana, que vive na garagem do seu irmão e cunhada e que, apesar dos esforços de ambos, foge a qualquer interacção social. É quando Bianca chega a sua casa que a vida de Lars muda. Bianca é uma boneca "insuflável" que Lars encomendou pela Internet. Mas, longe de um interesse sexual, Lars procura o amor. Sob aconselhamento da médica local, irmão e cunhada não contradizem Lars, aceitando Bianca como a sua namorada. O mesmo acontece com toda a comunidade. Bianca começa a assistir à missa, a participar em actividades sociais e até arranja emprego. Aparentemente isto parece uma anedota, um argumento de muito mau gosto. Mas não é. Este surrealismo é tratado com muita capacidade.
O argumento de Nancy Oliver (uma das argumentistas da fabulosa série "Six Feet Under") está longe de olhar para a sua personagem principal com a condescendência com que se olha para um doente. Percebemos que Lars se retirou para dentro de si mesmo (e daquela garagem) em virtude da morte da mãe e pela vida silenciosa que teve com o seu pai viúvo. É com uma suavidade quase tão desconcertante como a naturalidade com que Bianca entra na vida de todos, que Lars vai enfrentando os seus medos, soltando-se da dor física que sente quando é tocado e abraçado por outras pessoas.
Há, em todo o filme e, sobretudo, em Lars, um difícil equilíbrio entre estranheza e normalidade, entre transparência e opacidade, entre o normal e anormal.
Entre o humor negro e os sentimentos mais tocantes, a irrealidade de “Lars and the Real Girl” serve o propósito de mostrar a que ponto uma família, amigos e habitantes podem chegar, onde a preocupação com o indivíduo é mais relevante do que a preocupação com o que sociedade pensa acerca desse mesmo indivíduo.
Um chegar até ao outro e deixá-lo chegar até nós. Na realidade, talvez sejamos tão irreais uns para os outros como esta boneca de silicone.

4 comentários:

Anónimo disse...

Já tinha ouvido falar neste tal de Lars...
Bom filme.

(",)

Anónimo disse...

Hummm, parece-me muito interessante este filme, muito interessante mesmo.
Empresta-me, please.

Beijinho

Anónimo disse...

Não posso emitir qq opinião pq não vi, claro. Pela tua descrição, pareceu-me uma ideia algo curiosa ... mas vendo o vídeo ... não sei se me convence. Mas pronto, fica em aberto ...

Anónimo disse...

Eu já vi e adorei, o filme é mto bom e tem mensagens que...