Sentaram-se lado a lado.
- ...
- ...
- Porque é que estás a olhar para cima?
- E tu, porque é que estás a olhar para baixo?
- Porque é que não olhas para baixo como eu?
- E tu porque é que não olhas para cima?
- Prefiro olhar para a areia.
- E a mim para o céu.
- ...
- ...
- Se calhar devíamos... olhar para o mar, para o horizonte...
- Para a frente.
- Pois... na mesma direcção.
- Mas eu gosto mais de olhar para cima.
- Mas eu não consigo.
- Porquê? Tenta, tenta, vais ver que consegues. olha comigo.
- Só com óculos escuros, muito escuros e mesmo assim...
- Então porque não os pões?
- Porque não ia ver bem as coisas como elas são. E mesmo assim teria de fechar os olhos. E isso não quero. Não quero fechar os olhos. E abertos iam doer-me.
- Deviamos então olhar para o horizonte.
- Então olha.
- Prefiro olhar para cima.
- Pois, eu para baixo.
E ficaram ali sentados.
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7 comentários:
Isto é que é sintonia. Exprimimos a mesma ideia com palavras diferentes. Gostei.
Muito simples mas a dizer mto.
Adorei ler este texto.
É tudo uma questão de equilíbrio entre 2 pessoas. E esse equilibrio é mto difícil, mto difícil mm.
É realmente fantástica a coincidência do conteúdo dos dois textos, este e o do X, reforçada ainda por serem amigos (recordo que vos conheci a ambos na mesma noite).
Abraço a ambos.
mesmo barco, remando cada um para seu lado... difícil chegar a algum lado. o equilíbrio é um exercício de perícia muito, muito difícil. e de cedência. e de diálogo.
obviamente, gostei, mas fiquei a pensar... enfim, gosto do que escreves e sobretudo da forma como o escreves com silêncios, intervalos pelo meio, mistérios difíceis de referenciar. vale mais pensar que é tudo ficção!
abraço
Um beijinho.
Mas que gentinha retorcida. Bem, um teimoso também nunca teima só.
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