Cada um com o seu teclado

O Hi5 e seus similares já passaram à história, some say. Aquilo que, para milhões, era o máxima, agora é uma porcaria de uma chatice pegada. Previsível!
Agora são o Twitter e o Facebook! Esses sim, os supra-mais-que-sumos do que agora interessa... Já move milhões de almas diariamente. É o uber no mundo da internet, a pérola maior da nova forma de comunicar. O diamante internauta. E quem não tem é info-excluído e quase olhado de lado, como se de um pseudo-intelectual se tratasse.
Falamos para ninguém e, ao mesmo tempo, para todos. Falamos de nós, das coisas que nos são mais importantes, e de coisas como "estou a assoar-me a um lenço de papel com a Hello Kitty, cheguei a casa, vou passear o cão, têm 10 minutos para me dizerem que roupa devo vestir para sair, estou a ouvir esta música, tenho sono, não tenho sono, vou ao Colombo, acordei agora, toma lá uma prendinha para a quinta, fertilizem os meus campos, digam que sou lindo, inteligente, que me adoram, etc e tal." Uma animação! E os joguinhos, a quintinha, o aquário, o cafézito e outros que tais?! Uma loucura em catadupa diária! "Eu estou no nível 30. Uau, que espectáculo, bora lá tentar passar! Vá, temos de vender galinhas, comprar terrenos, fazer qualquer coisa... já!"
Claro que, de tanto ouvir falar, dá vontade de espreitar, claro que dá vontade de saber como a coisa funciona, ver o aspecto das páginas, tentar encontrar uma lógica naquilo e... esperar, ver se interessa, se faz sentido, se em vício se torna ou não.
Curiosidade é ou não abraçar um novo estilo de vida, deixar-se ir com a maré ou não. Espreita-se, fica-se a conhecer e depois entra-se naquele mundo... ou não.
Tenho Hi5 mas mal ligo ao dito. Vou lá quando tenho um convite para amizade de uma qualquer brasileira que desconheço, daquelas que têm para cima de 2659 amigos e acha que eu posso ser mais um a acrescentar à lista, mais um que lá está e com o qual nunca irá falar, mas pronto, é giro! Está lá, faz parte da lista imensa, que bom! Vou lá, olho para a página inicial, rejeito a amizade estranha e saio. Gosto de ter o meu blog (ao qual, confesso, dou cada vez menos e menos importância), de visitar alguns blogs, gosto de, muito de quando em vez, ir ao messenger e chega-me. Tem-me chegado, pronto. Mas parecem-me ser coisas bem diferente e, por isso, hei-de espreitar o face coiso ou o twitterzinho. Também quero ler e ser lido, sentir e ser sentido, gostar e ser gostado e ter montes de amigos todos os dias a meu lado.
Entendo o tsunami do Twitter, o tornado do Facebook e de outros que estarão, obviamente, para chegar. Numa sociedade que caminha neste sentido... entende-se bem. É a velocidade da informação, a falta de (vontade de ter) tempo para estar, efectivamente, com os outros, a pressa resolvida com um punhado de teclas, o individualismo que não se quer mas que se tem, o querer estar em tudo e com todos, o não querer perder quase pitada do que se passa com os outros, o querermos sentir-nos importantes para os outros, o querermos sentir que a nossa vida é importante, o querermos acreditar que temos muitos que de nós gostam e por nós muito se interessam. Afinal, a nossa vida é importante para nós, porque não a esperança de sê-lo para os outros? E não desistimos. Diáriamente, ou quase, lá vamos nós espreitar, escrever qualquer coisa. Eu levo com vocês, vocês levam comigo! Colocamos uma música na ansiedade que todos, ou quase todos, a ouçam e sintam o que nós sentimos. Jogamos na farmville e lançamos um "pfff" altivo a quem dela se fartou pouco tempo depois (é o meu caso), como se fosse um idiota snob e arrogante que não entende como aquilo é "tão giro, calmante e interessante!". Colocamos umas fotografias e desejamos que sejam comentadas por muitos. Vai mais um link para um blog, pode ser que alguém lá vá e lhe dê a importância que nele vi. E o mural das páginas é tingido de notícias, posts, blogs, sites, prendas, piadas, fotos... de tudo e mais alguma coisa, à velocidade relâmpago. Queremos ser ouvidos, queremos estar presentes, presentes nos outros, presentes em nós. Falamos para os outros, mas falamos para nós. Faz bem ao ego. E quantos mais amigos tivermos, mais a chances de ter feedback.
Então e a conversa face to face? E o contactar as pessoas por telemóvel? Também se faz, claro. Mas menos, afinal, o "Face" serve para isso. "Tomar café? Mas ainda há bocado falámos no Twitter! Queres falar comigo? Liga-te ao Twitter."
Então e temos de contar ao mundo, ao mundo dos supostos amigos, a que horas fomos à casa-de-banho, o que estamos a fazer num dado momento? O que vamos jantar, se couves ou batatas? O que vamos fazer no fim-de-semana? Sim, parece que sim. Para provocar alegria, inveja, tristeza, raiva, o que for... temos de fazê-lo. "A minha vida é fantástica, não é? Tenho uma vida social muito activa, não tenho? E agora vou fazer ainda mais isto enquanto vos deixo esta música e mais este link para o trailer de um filme que vou ver mais logo enquanto teclo no Facebook."
Cusquice pura, solidão de quem se quer achar acompanhado, muito acompanhado, de falta de verdadeiras amizades, dirão uns, o que for... mas quem tem, tem, quem não tem, passa a ter. E não será que aquilo que é criado como mais uma forma de comunicação, no fundo, nos torna muito menos comunicativos? Sentamo-nos ao computador, ligamo-nos à net, entramos no mundo Twitter ou no universo Facebook e é com eles que contamos e contactamos. São mais um amigo. E sentimo-nos aliviados quando pensamos "é mais uma forma de comunicação, de estar com as pessoas."
Cada um na sua casa, cada um no seu quarto, cada um no seu local de trabalho, cada um na sua esplanada, cada um com o seu teclado, cada um via telemóvel... e assim achamos que estamos rodeados de amigos. Talvez estejamos, ou nem por isso. Vou a uma festa e agarro-me ao Facebook para relatá-la. Vou a um concerto e, em vez de apreciá-lo, fotografo-o para lançar ao Twitter. Chego a casa e vou fertilizar as quintas de todos e despachar patos, vacas, coelhos, vedações... para os mesmos. Almoço à pressa já a pensar no que vou meter nos ditos coisos. Somos Twitters, somos sociais, somos sociáveis, somos queridos por este e aquele, somos amigos, temos montanhas de amigos, acompanhamos os seus dias, eles acompanham os nossos e somos felizes muito por isso. Estamos vivos e a nossa vida é o máximo! E o mundo tem de saber disso!

10 comentários:

Kapitão Kaus disse...

Concordo contigo!

Instalei o twitter, mas há 25 dias que já não lhe ligo nada.
A página do Hi5, visito-a de quando a quando.

Aquilo de que gosto mesmo é da conversa face-a-face, de estar com as pessoas, fisicamente, de as ouvir e de ser ouvido. De partilhar.

Por falar em partilha, temos que marcar um almoço um destes dias!:)

Abraço:)

Brama disse...

O twitter é uma coisa sem jeito nenhum, igual a tantas outras na internet. O Hi5 ... já não sei lá entrar, esqueci e não tenho pena nenhuma. Agora estou farto de receber e-mails para aderir ao facebook, mas deve ser uma merda qualquer igual ao Hi5 ...
Não quero saber dessas parvoíces para nada ...

O msn ajuda em muitas situações mas aborrece-me estar de conversa ao computador ... já há não sei quanto tempo que não entro lá.

O blog ainda é das melhores coisas, ao menos é instrutivo, ou poderá ser.

Pois não vou aderir a esse twitter, acho que é perder tempo útil.

João Roque disse...

Não sei como se adere, nem estou interessado a aderir ao Twitter; tenho um perfil no Hi5 e utilizo-o exactamente da mesma forma que tu, quando recebo pedidos de amizade de estranhos, de coleccionadores...Acho que também estou no Facebook, mas não tenho a certeza.
Perfis em sites "malandros" já tive, mas desde que tenho o Déjan, para quê tê-los: foi tudo abaixo...
Tenho MSN, como quase toda a gente e duas contas: na normal, entre família e amigos, tenho por lá 30 endereços, mas está "off line" semanas e semanas; na outra conta, só está uma pessoa, está sempre "on line" e faz parte muito importante da minha vida, pois é através dele que namoro todos os dias e várias vezes ao dia, com a pessoa que amo.
Abraço.

Frankenstakion disse...

Uma bela (e precisa) reflexão sobre a sociedade de hoje. Já ouvi falar e estou curioso. Infelimente já há algum tempo que perdi a paciência para estas coisas. MSN uso com pouca frequência, HI5 com menos ainda e só o bog ainda me prende. É muito melhor estar com as pessoas cara a cara, sem dúvida.

Rui disse...

Oooohhhh eu tenho e acho piada aquilo mas tb sei que me vou fartar em breve pq tem graça mas depois cansa.
Mas a tua opinião está muito certa relativamente a mta gente. Há pessoas que estão horas naquilo deixando de estar efectivamente com as pessoas.

Abraço

Só João disse...

Oi, acho que crescemos numa altura em que eramos obrigados a conquistar espaço, construir nucleos de amizade reais, etc etc. Esta geração tem tudo a distancia de um click, isso pode parecer uma facilidade ao principio mas acaba por criar pessoas menos fortes, que desistem facilmente e vão com a maré, que muitas vezes a unica coisa que se podem orgulhar é do numero de amigos que tem no hi5!
Tenho um hi5 quase adormecido e um blog que serve de saco de boxe, onde nem me dou ao trabalho de corrigir os erros ortograficos! ps.Sim sou de VFX, vivi la mtos anos fui para la com 14 anos e saí de la em 2000 quando saí de casa dos meus pais, mas ainda tenho um quarto la, onde volto muitas vezes! Abraço

Tiger! disse...

Ah como é verdade o que dizes. O Twitter é só mais um, nunca tive hi5 nem facebook nem coisa do género. Só mesmo msn e agora recentemente o meu blog.
Abraço

Aequillibrium disse...

HI5 quase nunca lá vou. Facebook, n tenho, nem vontade de ter.
MSN, uso... para estar em contacto com pessoas que n estão perto.
Twitter, tenho, desde muito antes de se tornar tão popular. Vou lá de vez em quando, mas não é uma obrigação... e enquanto assim for... mantenho.
Tenho blip.fm, mas dá para ouvir música.
O blog, esse ainda me dá prazer.
Aliás, publiquei lá este video

... e um do flutter LOL

;)

abraço

Hydrargirum disse...

Eu nao acho gracinha nenhuma a essas coisas...tanto insistiram cmg para fazer um Hi5...la fiz...raramente lhe toco....a mesma coisa com o facebook...tenho amigos que tudo o que fazem la colocam....como tu dizes a parodiar: "Engasguei/me agora mesmo"...um interesse crasso!:S

Twitter entao e que nem po....enfim!

Abraco grande em ti:)

Fátima disse...

Não tenho nada disso, nem hi 5 nem nada que se pareça. Não é coisa que me interesse e irritam-me as pessoas que passam mto tempo em conversas sobre as listas de amigos do hi 5, quem os adicionou, quem os foi espreitar, etc...

Miss you.