Praga e Amesterdão. Foi tão bom!

Foram umas férias excelentes. Eu e meu Brother E em Praga e Amesterdão. Não me apetece minimamente tecer aqui grandes comentários sobre as mesmas. Ia demorar horas e horas e nunca, por nunca ser, ia fazer justiça ao que observámos, vivemos, sentimos, presenciámos. Dias cobertos de cansaço, mas aquele cansaço bom de quem está fora e quer fundir-se em realidades que não as suas. Valeu tanto a pena.

Praga (26 a 28 de Agosto) - Vive muito em função do turismo mas entende-se porquê. Até as ruas secundárias e menos importantes são de uma imponência e dignidade incríveis. Cidade lindíssima de tirar o fôlego, lindíssima com gente de aspecto antagónico à maravilha paisagística. Tirando aqui ou ali, os preços não são a exorbitância amplamente anunciada, nada disso. A língua, inicialmente, altamente desagradável, deixou de o ser e a população são se pauta pelas "bestas" que nos avisaram ser. Desta cidade quase encantada trazemos as respectivas peles, literalmente, marcadas para sempre, como para sempre acreditamos ser a nossa amizade. O desenho, pleno de significados, foi projectado a dois e, naquela manhã de 28 do 8 de 2008, agulhas o inseriram nas nossas dermes.










Amesterdão (29 de Agosto a 3 de Setembro) - A arquitectura é linda, os pormenores memoráveis, as ruas atribuladas, sobretudo ao fim de semana, as bicicletas têm total prioridade e dominam as ruas, tal como as raças, visuais e orientações religiosas, sexuais, gostos e sacrilégios. Os canais mal descansam, as luzes correm todo o espectro electromagnético, os cheiros vão do melhor ao pior. Ali quase tudo tem lugar, o lógico e o ilógico, sem dó nem piedade, sem coros e decoros. A imundice das ruas vive paredes meias com a sofisticação. A cidade dos "pecados" mistura a inocência infantil com os desejos e fetiches mais ousados, tudo a saltar à vista. Daquela pequena capital tudo se pode esperar e viver.












(Para quem não quer ver fotos tiradas no concerto da Madonna o melhor é terminar aqui a leitura do post.)

Madonna/Sticky & Sweet Tour (2 de Setembro) - Um dos mais estranhos, atribulados, cansativos, estúpidos, ridículos, loucos dias das nossas vidas. Horas e horas de espera, em pé à chuva, pisando comida, cadeiras, roupas, plásticos, garrafas, o que se puder imaginar, por causa da doideira absurda dos holandeses. Um espectáculo deprimente antes do verdadeiro espectáculo. E o que dizer do esperado? Mais uma vez Madonna mostra que não brinca, não faz umas coisinhas, não dá uns simples concertos. Com meio século de vida, chegou lindíssima e a sensação é a de que 5 minutos depois se foi. É daquelas coisas que se tem de ver mais vezes, várias vezes, para se conseguir ver tudo, assimilar tudo, sentir tudo. A quantidade de cores, coreografias, trajes, movimentos, luzes, imagens, informações é tal que é impossível absorver metade, longe disso. Fica-se com a sensação de que quase nem lá se esteve, com a sensação de que numas prestações devíamos estar à frente onde estávamos, noutras mais afastados para uma visão de conjunto. Quem nos dera ter vários "clones" colocados em pontos estratégicos do estádio. Esperava algumas coisas diferentes, outras superaram as minhas expectativas. O meu brother (do pouco que conseguiu ver, por não ter a altura dos holandeses em frente, estupores constantemente de braços levantados com máquinas em riste) gostou bastante do que eu gostei menos. Queria tanto que ele tivesse visto como eu vi. Cantei, sorri, gritei, saltei, cantei os parabéns, chorei, emocionei-me. Momentos como "The Devil Wouldn't Recognize You" e o "You Must Love Me" estão-me cá guardados de forma inesquecível. A beleza, a presença, a postura, a dedicação, o saber fazer, a pose, o sorriso daquela mulher, sim o sorriso, são qualquer coisa. Goste-se ou não da Madonna, uma coisa é verdade absoluta (e isso custa a muitos pensar sequer em admitir): aquilo que presenciámos está a anos luz do que outros fazem, ninguém faz nada assim, ninguém dá espectáculos assim, não há mais nada assim no mundo. Madonna está num patamar muito longe de alcançar, essa é a verdade.
Não me interessa se é a melhor ou pior tour, não me interessa que se critique isto ou aquilo, pura e simplesmente porque comparações com outros não fazem grande sentido. São níveis incomparáveis. "Aqui preferia que fosse assim, ali assado, aqui foi excelente, ali faltava não sei o quê..." São pormenores perante o que é bom, muito, muito bom. pormenores perante o que ali vivi. E a isso não posso deixar de dizer sempre (sem lamechices, sem fanatismos, sem bacoquices): Obrigado Madonna.
Agora espero pelo dia 14 para, em Portugal, ver o que não vi, para observar melhor o que me escapou, para assimilar o que me falhou, para voltar aquela realidade, para juntar mais uns minutos aos 5 que senti terem decorrido. Uma coisa é certa: é um espectáculo que é necessário ver várias vezes.




















7 comentários:

João Roque disse...

1. Praga
É das cidades mais belas do mundo e está tudo dito.
2. Amsterdão
Foi quando a conheci em meados de 60, "o mundo" para mim; foi quando lá voltei nos 90, o mundo mais forte da sexualidade que jamais conheci; foi há 3 anos atrás uma desagradável surpresa de decadência; apesar de tudo continua a ser a Amsterdão dos canais, das pessoas simpáticas e do sexo(mas o sexo agora é agressivo, deixou de ser puro, conspurcou-se).
3. Madonna
só quem lá esteve pode dizer o que sentiu, e como o sentiu; pelo descrito por ti, penso que o concerto de Lisboa será melhor; mas Madonna é sempre Madonna.
Abraço.

paulo disse...

espantoso! captaste pormenores interessantíssimos! e as fotos do concerto estão excelentes. um abraço e bom regresso!

Anónimo disse...

De modo sucinto relataste o essencial. Mas a grande verdade é que tudo começa e acaba sempre e se isso é um alívio para o que nos atormenta e faz sofrer, é uma grande merda para o que nos deixa felizes e assim sendo, gostaríamos que se pudesse perpetuar no tempo.
Acho que escolheste fotos apropriadíssimas para Amesterdão.
Ainda não passei as minhas fotos para o computador.

Relativamente ao concerto da Madonna, de facto ainda esperei mais em certos aspectos, mas também aquela gaja superou logo tão cedo que acabou por nos habituar mal. Na verdade os concertos d'Ela são mesmo únicos e ofuscam qualquer outro espectáculo musical até então visto. Ela excedeu numa cidade excessiva e fechou o nosso circuito com chave de ouro ornamentado a cristais Swarowski

Anónimo disse...

Benvindo ao nosso país, meu querido. Estou cheia de saudades tuas. Quando nos vens visitar? Estou à espera...

Praga é um sonho meu que continuo a adiar, este ano nem fui para lado nenhum e até a praia esteve por maus dias.

Amesterdão conheço e não gostei muito. Os canais são muito agradáveis, os edifícios lindos e a confusão de pessoas é interessante mas há um grande exagero na mistura abusiva entre familias, pessoas idosas, crianças com sexo, drogas, etc... Acho que há coisas que devem ter o seu lugar e em Amesterdão mistura-se tudo com contornos que me desagradam. Não me parece muito agradável crianças passarem junto a montras de sexo. Esperava uma cidade algo erótica e vi uma cidade suja e pornográfica sem grande respeito por muitas pessoas, já para não falar nas bicicletas que me iam atropelando variadíssimas vezes.

Madonna - Concordo com o Brama, ela atingiu já um nível tão elevado que agora será difícil de superar por ela mesma. Habituou-nos mal e agora exigimos demais de quem já deu muito. De qualquer forma é difícil agradar a gregos e troianos e cada um gostará mais de umas coisas do que de outras.
Discordo com o Pinguim pois penso que o concerto em Portugal será bem pior do que em qualquer outra das cidades. São demasiadas pessoas todas ao mesmo nível a olhar para um palco por um canudo. Acho que nunca deveriam ter vendido tantos bilhetes porque a maioria das pessoas não vai ver quase nada. E ver um show da Madonna a léguas é no mínimo muito frustrante. É como estar perto de um doce desejado e mal saboreá-lo. Logo se vê como será mas não tenho grande fé, por isso vos invejo por tê-la visto num estádio.

Tatuagem ou tatuagens - são lindas, lindas, adorei. Quero ver ao vivo. Um fez no braço e o outro fez onde? Não consegui perceber. E é um gato ou tem uma mensagem mais por trás? Mas independentemente disso o que interessa é que é muito bonito 2 amigos terem feito algo assim. Eu acho lindo.

Anónimo disse...

Que fixe que as férias foram óptimas. Eu não conheço nem uma nem outra cidade e gostava muito de conhecer. Quem sabe para o ano não sigo o vosso exemplo e é para lá que vou?

E foram à Red Light? eh eh eh

Em relação à Madonna já não se fala de outra coisa. Todos os dias a comunicação social portuguesa diz qq coisa sobre o assunto. Mm que n se queira saber nada, é difícil pq quando menso se espera há fotos e reportagens na tv.
Tb achei estranho venderem tantos bilhetes para Portugal pq já num estádio quem fica longe nas bancadas vê tão mal, imagino como vai ser cá com pessoas a centenas de metros de distância. É pena pq é de certeza um espectáculo para ver bem próximo e naturalmente perder muita coisa.
Já li que é o melhor dela, já li que não, são opiniões e cada um tem a sua. Melhor ou pior é de certeza excelente e insuperável por qq outro artista.
Acima de tudo o que se pode dizer é que Madonna é um mito vivo e tem um estatuto único, estatuto esse q ela lutou para conseguir e pelo q vi em imagens é incrível alguém de 50 anos ter a energia que ela tem.

Anónimo disse...

Haja paciencia o show é excelente e algo nunca visto. Só aquele início é espectacular. Quando se é muito bom no que se faz tem-se tendência a dizer mal. A questão é quem faz um show melhor que este e outros passados dela?
Digam o que quiserem mas a verdade é que há Madonna e depois há os outros.

AFSC disse...

Dia 14 de Set, lá estarei. Adorei as fotos.