Nadia Comaneci

Foi em Montreal, no ano de 1976, que uma menina de 14 anos deixou o mundo boquiaberto. A pequena romena Nadia Comaneci era a estrela maior das olimpíadas. Não se falava noutra coisa. Mesmo quem não dava importância à modalidade virou os olhos para ali. A miúda da nota 10 fez correr tinta e mais tinta por todo o mundo. Tudo parecia fácil para aquela menina e as objectivas não a largavam.
A partir daí quantos pais deram às filhas o nome de Nádia! 32 anos depois ainda tenho alunas que a ela devem o seu nome, alunas que nem sabem bem que foi esta menina no mundo da ginástica, alunas que não fazem ideia das extraordinárias provas que a pequena romena realizou, que nem sabem como era o seu rosto.
Chegou para vencer e venceu. No mesmo ano teve não um, não dois, não três mas sete exercícios com nota 10 e só não levou para casa sete medalhas de ouro porque alguns desses exercícios eram para medalhar a equipa. Levou três. Atingiu o suposto inatingível e sagrou-se a melhor das melhores. A cada dia, a cada prova, naqueles quatro dias, o pavilhão silenciava para ver a técnica, elegância e perfeição daquela adolescente.
Depois dela outras ginastas extraordinárias pisaram e brilharam em campeonatos do mundo, em jogos olímpicos, outras deixaram o seu marco, a sua perfeição, outras atingiram o máximo, mas é o nome de Nadia aquele que mais ficou na memória. Foi ela a primeira a atingir esse patamar e várias vezes. Foi ela a base que elevou os exercícios a um crescendo de dificuldade. Hoje, outras fazem o que ela fez, mas na altura ninguém o fazia. Fala-se em ginástica, fala-se de Nadia. Até o nome dela deram a um exercício/passo nas paralelas assimétricas. Um exercício que ela apresentou e que ainda hoje se chama Comaneci.
10, hoje é uma nota quase impossível de atingir (até porque as notas já não vão de 0 a 10) tal é o grau de dificuldade extrema dos exercícios a que se chegou. Mas há 3 décadas dizia-se o mesmo!
Nas barras assimétricas, Comaneci recebeu o primeiro 10 da história da ginástica feminina em Olimpíadas. O placar do ginásio de Montreal não estava preparado para mostrar notas acima de 9,99 (só tinha uma casa antes da vírgula) e teve de improvisar com um 1,00. Na época, cada atleta, nas provas individuais, fazia duas apresentações por aparelhos e vencia quem tivesse mais pontos somando as duas notas. A romena teve 10, depois outros 10 e atingiu os improváveis e inacessíveis 20 pontos.
4 anos depois, após graves problemas familiares, psicológicos e alimentares, que a levaram a um aumento de peso, falta de preparação física, torturada por uma terrível dor no nervo ciático e sem esperança de conquistar sequer uma medalha, Nadia arrecadou mais quatro.


(a saída em voo no final do primeiro exercício é histórica e a velocidade e ritmo da segunda prova são extraordinários)

(note-se que hoje as duas paralelas estão bem mais afastadas, sendo que as ginastas quando estão numa não tocam na outra, logo muitos dos exercícios terão de ser bastante diferentes)

5 comentários:

João Roque disse...

Nestes dias olímpicos, foi maravilhoso recordares aqui esta ginasta fabulosa, a melhor de sempre, Nadia Comaneci!!!
10 para ti também...
Abraço.

Anónimo disse...

Sim, estes exercícios são surpreendentemente perfeitos. Incrível.
As paralelas estavam bem mais próximas sem dúvida e os exercícios apoiavam-se das duas em simultâneo. Fico sem perceber é se isso torna os exercícios mais difíceis ou mais fáceis.

abraços

Anónimo disse...

Tive uma aluna chamada Nádia e um dia chamei-a de Comaneci. Ela fez uma cara de enjoada e disse que toda a gente lhe diz isso.
Isto diz tudo da importância que esta ginasta histórica teve e ainda tem.

Anónimo disse...

Já vi 3 vezes. É fantástica!!!

Anónimo disse...

Vim para a internet para rever vídeos da Nadia. Ela era maravilhosa, nunca esqueço uma parada na trave, com uma única mão. Espetacular e inesquecível. Ela merecia mesmo 10!!