- O que é que tens? Estás ausente, nem me estás a ouvir. Estou para aqui a falar sozinha...
- Ela está doente.
- A sério? Mas é grave?
- Não, é uma alergia.
- Oh, que estúpida. Alergia é alergia. Tomam-se umas porcarias da farmácia e passa.
- Sim, mas demora dias. E ela está lá sozinha.
- Sim, e queres fazer o quê? Não podes fazer nada. Aquilo passa. Não sei porque é que estás assim, sinceramente. Não me digas que queres lá ir.
- Queria.
- Fazer o quê? Aquilo ainda se pega.
- Pois.
- Mas olha, se é para estares assim toda preocupadinha, então vai lá. Não são amigas?
- Sim, acho que sim.
- Então vai.
- Só que às amigas não apetece dar miminhos, fazer festinhas, dar abracinhos e deitar ao lado.
- Claro que apetece. Eu faço isso, sabes bem. Os amigos fazem essas coisas. São miminhos que se dão às pessoas de quem gostamos, ora. Ainda no outro dia a Teresa esteve doente e eu até chá e torradinhas lhe fiz. Deitei-me ao lado dela, abracei-a. As pessoas doentes precisam de mimos e conforto.
- Sim, eu sei disso.
- Então qual é a cena?
- A cena é que a cena não ia ser essa cena.
- O quê?
- A cena é que não ia ser uma cena de amiguinhas.
- Então é melhor não ires. Sê racional.
- Sim, eu sei. Tem de ser. Mas custa-me sabê-la doente e eu aqui sem fazer nada.
- Fazes sim, conversas comigo porque tenho estado aqui a falar sozinha. Também quero miminhos e sou tua amiga, parva.
- Vá, diz lá.
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4 comentários:
Quando há mais sentimentos do que amizade que não são retribuídos, então é melhor saber separar as coisas e não ir mesmo.
De facto é muito complicado gerir os sentimentos.
E será que a doente quer que ela vá?
Ela? Não será um ele? Está doente, n sabia. Vai lá q ele de certezq q quer miminhos dos teus mais do q qq um. Fica logo bom mal te veja.
A cena é que a cena n ia ser essa cena... Adorei.
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